O pré-candidato do PDT à sucessão presidencial, Ciro Gomes,
criticou nesta quinta-feira (26) o hábito de se pedir o impeachment de um
presidente quando não se concorda com a sua política de governo.
Em discurso a uma plateia de vereadores, ele disse que, caso
seja eleito, não será fácil retirá-lo do comando do Palácio do Planalto, já que
não é como a ex-presidente Dilma Rousseff, que sofreu impedimento em 2016.
“Não vai ser fácil não [me derrubar], porque eu não sou a
Dilma Rousseff, eu sou do ramo. Você acha que um marginal como [o ex-presidente
da Câmara dos Deputados] Eduardo Cunha me derrubaria? É preciso ser muito mais
homem que eu para me derrubar”, disse.
Segundo ele, a tentativa de se retirar mandatários do Poder
Executivo já está “escrita na história do país” e é necessário um presidente
com força política, apoio popular e que retome a confiança da sociedade na
democracia.
“Se não tivermos apoio aqui embaixo, eles vão derrubar o
terceiro, o quarto e o quinto [presidentes]. Isso está escrito neste país
enquanto não virarmos o jogo”, afirmou.
Ele lembrou que, desde a queda de Fernando Collor, são
protocolados pedidos de impeachment contra presidentes em exercício e que foi
contra, por exemplo, quando Luiz Inácio Lula da Silva apresentou solicitação
para a saída de Fernando Henrique Cardoso.
“O impeachment derrubou uma presidente honrada, embora
estivesse fazendo um governo que eu achava muito ruim, mas respeito quem pensa
diferente”, disse.
Ciro participou de evento da XVI Marcha dos Vereadores, em
Brasília. No discurso, sem citar nomes, disse que integrantes do Poder
Judiciário que dão muitas entrevistas
deixaram de fazer justiça para fazer política.
Para ele, o ativismo judiciário ocorre quando os Poderes
Executivo e Judiciário entram em colapso e deixam um espaço público. “O poder
não aceita o vácuo. Se ele não é exercido por alguém, outro o exerce”, disse.
Ele criticou o discurso de desmoralização do Poder
Legislativo e disse que, na época que era deputado federal, apenas um terço do
Câmara dos Deputados era formado por “batedores de carteira, estupradores,
assaltantes e gente da pior categoria”.
“O outro terço é de gente muito séria e muito competente. E
o outro terço é de sobreviventes, pessoas que jogam o jogo do Poder Executivo”,
disse.
PROPOSTAS
O pré-candidato afirmou ainda que, no início de maio, irá
disponibilizar na internet um esboço de seu programa de governo para que seja
analisado e criticado pela sociedade. Segundo ele, após ser readaptada, a
plataforma oficial será lançada em junho.
No evento, ele defendeu propostas como a manutenção do
Ministério da Segurança Pública e a federalização da investigação dos crimes de
narcotráfico, facção criminosa, contra a administração pública e lavagem de
dinheiro.
Para isso, ele disse que o efetivo da Polícia Federal será
ampliado, mas não detalhou com que recursos. Ele afirmou que ainda não tomou
uma decisão sobre se acabaria com o Ministério da Justiça ou o fundiria a
Segurança Pública.
“Ele [Segurança Pública} não precisa rivalizar, da forma
oportunista como foi feito, com a Justiça. É preciso trazer o tema à
centralidade da política pública nacional”, disse.
O pedetista disse ainda que pretende, nos primeiros seis
meses de mandato, realizar uma reforma conjunta fiscal e previdenciária. E que,
caso ela não prospere junto ao Congresso Nacional, irá propor um plebiscito ou
um referendo.
No discurso, criticou a proposta previdenciária apresentada
pelo presidente Michel Temer e disse que pretende implementar um modelo de
capitalização, ou seja, com a aplicação dos recursos em fundos de pensão
públicos para que gerem lucro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário