Estão na batalha por esse eleitorado Marina Silva, Ciro
Gomes, Geraldo Alckmin, Alvaro Dias, João Amoêdo e Henrique Meirelles
Se até este ponto da disputa presidencial os únicos votos
consolidados parecem ser aqueles dados nos extremos, começa a ficar encarniçada
a disputa pelo contingente de eleitores que não comunga nem do lulismo
renitente nem do bolsonarismo exaltado.
O tal voto que já foi classificado como “de centro”, mas que
comporta um espectro político-ideológico mais amplo – que vai da centro-direita
à centro-esquerda – e, por isso, poderia ser chamado mais corretamente de voto
moderado.
Estão na batalha por esse eleitorado Marina Silva, Ciro
Gomes, Geraldo Alckmin, Alvaro Dias, João Amoêdo e Henrique Meirelles. Diante
de tal pulverização fora dos extremos e do alto contingente de indecisos
flagrado pelas pesquisas, será previsível assistir a um fenômeno que ocorreu em
1989: o surgimento de “ondas” na direção de um ou outro nome até que configure
o segundo turno.
Esses candidatos vão mirar o eleitorado de Bolsonaro e do PT
– que, até agora, não se transferiu para Fernando Haddad –, mas também trocar
cotoveladas entre eles pelos indecisos e moderados insatisfeitos com a
polarização exacerbada.
A temporada de dedo no olho nesse meio de campo já começou.
Alckmin é alvo de artilharia dos rivais em peso pela aliança com o Centrão, que
lhe garante uma vantagem logística na briga por esses votos. Bastou crescer um
pontinho nas pesquisas e Amoêdo também entrou na mira dos demais.
Na sabatina Estadão/Faap, Marina mostrou o caminho que
pretende seguir nessa disputa em que entra sem capilaridade partidária nem
tempo de TV: focar tudo no eleitorado feminino, que hoje lidera o bloco dos
indecisos, e na defesa de uma saída intermediária para o confronto bolso-petista.
Certamente não ficará sozinha nesses dois objetivos
estratégicos, mas por ora leva vantagem nas pesquisas pelo recall das eleições
passadas, por herdar momentaneamente os votos lulistas e pela trajetória
política sem máculas éticas.
Pode ser pouco diante do arsenal que seus adversários terão
em termos de recursos financeiros e acesso à propaganda. Ela própria não soube
responder se o apelo ao voto moderado será suficiente numa campanha até aqui
marcada pela estridência e a revolta com a política.
Pelo sim, pelo não, a ex-senadora não passará incólume a
ataques dos adversários atentos a sua movimentação: depois do confronto que ela
e Bolsonaro protagonizaram no debate da Rede TV!, apoiadores do ex-capitão já
fazem o trabalho de desconstrução da ex-senadora nas redes. O mesmo trabalho,
aliás, que começa a se voltar contra Amoêdo e já era feito em relação a
Alckmin.
O bolsonarismo age para manter a tropa unida e evitar que se
abra brecha para opções menos radicalizadas, o que poderia ser um golpe nas
pretensões do candidato do PSL.
CAMPO MINADO
Rivais vão fustigar Bolsonaro por faltar a debate da CNA
Jair Bolsonaro será o alvo de todos os demais candidatos
durante sabatina da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)
hoje, em Brasília, um dos muitos eventos do gênero que decidiu cabular. Os
opositores vão aproveitar a ausência do líder nas pesquisas para colocar em
dúvida seu compromisso real com o agronegócio, setor no qual conta com o apoio
de uma ala mais “tradicionalista”.
Aliás, essa divisão do agro em grupos ficou evidente com a
organização do debate. Aquele mais ligado à pesquisa e à automação não está
fechado com o candidato do PSL e se mostra mais próximo à vice de Alckmin, a
senadora gaúcha Ana Amélia (PP).
Outro ausente do evento de hoje que não tem muito ambiente
no patronato ruralista é Ciro Gomes (PDT), devido ao fato de sua vice, Kátia
Abreu, que já presidiu a CNA, ter angariado muitos desafetos por lá desde que
hipotecou apoio incondicional a Dilma Rousseff e fez uma guinada à esquerda.
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