Nunca foram vistos tantos equívocos, desgaste e confusão em
apenas cem
dias de governo. O presidente da República, seus filhos e alguns ministros
encarregam-se de promover conflitos simultâneos, inclusive fomentando de forma
gratuita acusações entre facções que, supostamente, o apoiam.
Com viés ideológico bizarro, ministérios e políticas inteiros não apenas são desmontados, mas reduzidos ao ridículo. O processo começou logo no primeiro dia da nova administração, com a edição da MP 870 e decretos que reordenaram (ou desordenaram) estruturas, competências e órgãos ministeriais, com impactos demolidores, entre outros, na agenda socioambiental.
Com viés ideológico bizarro, ministérios e políticas inteiros não apenas são desmontados, mas reduzidos ao ridículo. O processo começou logo no primeiro dia da nova administração, com a edição da MP 870 e decretos que reordenaram (ou desordenaram) estruturas, competências e órgãos ministeriais, com impactos demolidores, entre outros, na agenda socioambiental.
A medida provisória ainda não foi convertida em lei e poderá
sofrer modificações no Congresso. Esperamos que pelo menos parte dos prejuízos
seja revertida. O ministro
do Meio Ambiente, Ricardo Salles, até agora só mostrou vontade para
criminalizar servidores e ambientalistas _ele próprio condenado por
improbidade administrativa por fraudar o plano de manejo de uma unidade de
conservação.
Já bastante desmoralizado nos foros ambientais mundiais, Salles pretende chantagear a comunidade internacional, defendendo que o Brasil só tomará medidas para reduzir emissões de gases de efeito estufa e o desmatamento se for pago para isso, trocando o protagonismo do país pelo oportunismo na agenda de mudanças climáticas.
Já bastante desmoralizado nos foros ambientais mundiais, Salles pretende chantagear a comunidade internacional, defendendo que o Brasil só tomará medidas para reduzir emissões de gases de efeito estufa e o desmatamento se for pago para isso, trocando o protagonismo do país pelo oportunismo na agenda de mudanças climáticas.
De forma patética, o ministro tentou aproveitar-se do maior
desastre humanitário ambiental de nossa história, em Brumadinho
(MG), para propor a flexibilização da legislação do licenciamento
ambiental. Nunca é demais lembrar que a catástrofe teve entre uma de suas
causas o enfraquecimento dos controles previstos no licenciamento de uma
barragem de rejeitos de mineração.
Nos primeiros cem dias de governo não se realizou nenhuma operação significativa contra o desmatamento, e o número de multas aplicadas pelo Ibamafoi o menor desde 1995. Enquanto isso, multiplicam-se os dados sobre o aumento do ritmo da destruição da floresta e as denúncias de invasões de áreas protegidas e violência contra ambientalistas, quilombolas, índios e assentados.
Na mesma frente, ao promover o ceticismo climático, o desmantelamento das políticas ambientais e o sectarismo diplomático, Jair Bolsonaro dá um tiro no pé de seu próprio projeto de poder, assentado na exportação de commodities agrícolas e no fortalecimento da bancada ruralista.
Neste ano, prevê-se uma queda significativa da safra agrícola justamente por causa de extremos climáticos, além de outros impactos negativos ao setor a longo prazo, previstos pela comunidade científica e pela Embrapa. Por outro lado, o mercado internacional cobra cada vez mais rigor ambiental dos produtores rurais.
Enquanto a economia segue patinando e a bandeira eleitoral do combate à corrupção é relegada ao segundo plano, o percentual de brasileiros que considera o governo ótimo ou bom caiu 15 pontos percentuais, de 49% para 34%, entre janeiro e março, segundo o Ibope. Mas a erosão precoce da sua popularidade não deve ser festejada, já que pode ensejar mais medidas alopradas, com potencial de danos perenes à sociedade, ao meio ambiente e à imagem do país.
Vale registrar que posições defendidas por Bolsonaro, como a de vender e arrendar terras Indígenas e de renegar os esforços para a proteção da biodiversidade e o enfrentamento da crise ambiental e climática, são regressivas mesmo em relação àquelas defendidas pelo regime militar que ele não cansa de elogiar.
Foi ainda durante a ditadura que se reconheceu como constitucional que as terras Indígenas são bens da União e que o nosso patrimônio natural deve ser preservado. Se as posições de Bolsonaro se traduzirem em medidas concretas, representarão retrocesso secular para as políticas socioambientais.
Nos primeiros cem dias de governo não se realizou nenhuma operação significativa contra o desmatamento, e o número de multas aplicadas pelo Ibamafoi o menor desde 1995. Enquanto isso, multiplicam-se os dados sobre o aumento do ritmo da destruição da floresta e as denúncias de invasões de áreas protegidas e violência contra ambientalistas, quilombolas, índios e assentados.
Na mesma frente, ao promover o ceticismo climático, o desmantelamento das políticas ambientais e o sectarismo diplomático, Jair Bolsonaro dá um tiro no pé de seu próprio projeto de poder, assentado na exportação de commodities agrícolas e no fortalecimento da bancada ruralista.
Neste ano, prevê-se uma queda significativa da safra agrícola justamente por causa de extremos climáticos, além de outros impactos negativos ao setor a longo prazo, previstos pela comunidade científica e pela Embrapa. Por outro lado, o mercado internacional cobra cada vez mais rigor ambiental dos produtores rurais.
Enquanto a economia segue patinando e a bandeira eleitoral do combate à corrupção é relegada ao segundo plano, o percentual de brasileiros que considera o governo ótimo ou bom caiu 15 pontos percentuais, de 49% para 34%, entre janeiro e março, segundo o Ibope. Mas a erosão precoce da sua popularidade não deve ser festejada, já que pode ensejar mais medidas alopradas, com potencial de danos perenes à sociedade, ao meio ambiente e à imagem do país.
Vale registrar que posições defendidas por Bolsonaro, como a de vender e arrendar terras Indígenas e de renegar os esforços para a proteção da biodiversidade e o enfrentamento da crise ambiental e climática, são regressivas mesmo em relação àquelas defendidas pelo regime militar que ele não cansa de elogiar.
Foi ainda durante a ditadura que se reconheceu como constitucional que as terras Indígenas são bens da União e que o nosso patrimônio natural deve ser preservado. Se as posições de Bolsonaro se traduzirem em medidas concretas, representarão retrocesso secular para as políticas socioambientais.
André Villas-Bôas
Secretário-executivo do ISA (Instituto Socioambiental)
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