Caberá ao relator da Operação
Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson
Fachin, decidir se estica ou não o prazo da apuração.
“Em síntese, o trabalho policial aponta que foram
constatados, a partir de exames periciais em arquivos disponíveis no material
examinado, registros de negociações, ordens de pagamentos e execução de
pagamentos aos beneficiários de codinome ‘Despota’, ‘Botafogo’ e ‘Inca’, atribuídos
a César Maia e a Rodrigo Maia”, apontou a procuradora-geral da República.
Entre as medidas que ainda faltam ser realizadas no
inquérito está a obtenção dos registros históricos de cadastro dos terminais
telefônicos utilizados por Maia e seu pai. A investigação foi aberta em abril
de 2017 com base em delações de executivos e ex-executivos da Odebrecht. À
época, um dos delatores afirmou que Maia teria solicitado R$ 350 mil como forma
de contribuição para a campanha eleitoral de 2008.
No entanto, nem Maia nem seu pai foram candidatos na eleição
daquele ano. Em 2010, segundo a PGR, Maia teria solicitado um repasse
financeiro a um ex-diretor da empreiteira, tendo como pano de fundo a campanha
de seu pai. Segundo a PGR, foi autorizado o “pagamento de R$ 600 mil, dos quais
já se encontrou comprovantes de pagamento de R$ 400 mil, realizado pelo Setor
de Operações Estruturadas”, conhecido como o setor de propinas da empreiteira.
Registros
Na manifestação, a chefe da PGR também aponta que outro
relatório de análise indica que, no ano de 2010, houve doações eleitorais para
o diretório estadual do DEM/RJ, por parte de empresas parceiras da Odebrecht,
no valor de R$ 80 mil, e de R$ 20 mil por parte de uma outra empresa. Também
foi localizada uma doação por parte do diretório do DEM no valor de R$ 849,8
mil para a campanha de Cesar Maia ao Senado. Segundo Raquel, também há
registros da entrada de Maia na sede na empreiteira, entre 2008 e 2011.
Para justificar a continuidade das investigações, a PGR
informa que a Polícia Federal, além de obter os registros telefônicos, também
precisa elaborar relatório de análise do material apreendido pela corporação no
âmbito da Operação Lava Jato. Ainda é necessário levantar informações a
respeito dos endereços indicados pelo delator como sendo os locais de entrega
de dinheiro, para “obter elementos de provas que comprovem ou não o relato do
colaborador”.
O presidente da Câmara dos Deputados ainda é alvo de outras
investigações que tramitam no STF. Em uma delas, também aberta com base na
delação da Odebrecht, Maia é investigado junto do ex-presidente do Senado,
Eunício Oliveira, do senador Renan Calheiros (MDB-AL), do ex-senador Romero
Jucá (MDB-RR) e do ex-deputado federal Lúcio Vieira Lima (MDB-BA).
Outro lado
Procurada, a assessoria de Rodrigo Maia não havia se
manifestado até a publicação deste texto. A defesa de Rodrigo Maia e do
ex-prefeito César Maia não atendeu às ligações da reportagem.
Do Estadão Conteúdo, via VEJA
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