O prefeito do Rio Marcelo Crivella, causou mal-estar na
tarde desta terça-feira, durante um encontro com taxistas no Palácio da Cidade,
quando fez uma piada sobre as constantes quedas da Ciclovia Tim Maia. Num
momento tenso do encontro, quando os profissionais pressionavam Crivella,
fazendo perguntas e pedindo leis mais rígidas para aplicativos, ele tentou
aliviar o clima e fez a piada com a construção, que, em 2016, despencou um
trecho, deixando duas pessoas mortas.
— Tem muito vascaíno aqui, não? Eu queria até consultar
vocês. O pessoal está me sugerindo aqui de colocar o nome de ciclovia de Vasco
da Gama. Está caindo muito — disparou o prefeito, sob protesto de parte dos
presentes:
— "Então, pela reação, proposta rejeitada.
Rejeitada".
Poucos minutos depois, o chefe do executivo municipal tentou
se justificar e arrependido, pediu desculpas. A "brincadeira" foi uma
referência aos três recentes rebaixamentos do clube carioca.
— Eu errei, peço desculpas. Eu tenho parentes vascaínos,
amigos vascaínos. Foi uma brincadeira inadequada. Eu respeito muito os
vascaínos. Tenho familiares meus vascaínos — disse.
Em nota, a diretoria do Vasco repudiou a declaração de
Crivella: "O Club de Regatas Vasco da Gama repudia a descabida declaração
do prefeito Marcelo Crivella e lamenta que o chefe do Poder Executivo
Municipal, eleito para zelar pelo bem público e, sobretudo, pela vida dos
cidadãos, tenha se referido de forma tão desrespeitosa a uma tragédia com
perdas humanas. O Vasco da Gama se solidariza com os parentes e amigos das
vítimas da queda da ciclovia Tim Maia".
Um pouco antes da piada com o Vasco da Gama, o prefeito já
tinha provocado constrangimento ao afirmar que taxista é igual a ele:
"Trabalha muito, mas sempre tem gente falando mal". Parte da plateia
não gostou:
- Foi uma maneira de colocar a coisa. Estamos vivendo uma
fase muito difícil, trabalhando muito, e as vezes as pessoas não conseguem
entender e reclamam. Esperam que você faça muito mais - disse o prefeito
depois, também se justificando.
Crivella, disse, ainda durante entrevista aos jornalistas,
que o município vai recorrer da decisão da Justiça do Rio que determinou o
fechamento da Avenida Niemeyer. Ele voltou a dizer que os técnicos da Geo-Rio,
órgão responsável pelas encostas do município, foram unânimes em garantir que
não há risco de deslizamentos na via.
— A Prefeitura ficou surpresa com a decisão. Uma das coisas
de que me orgulho é de ter na Geo-Rio engenheiros espetaculares e competentes.
Eu lamento mais uma vez que a Justiça decida sem ouvir a Prefeitura do Rio. Tem
que ouvir a Prefeitura antes de tomar uma decisão. Então estamos ingressando
com um recurso, explicando que não há risco — afirmou Crivella.
No entanto, um dos pontos da decisão do TJ, é que a via seja
liberada apenas após aprovação de técnicos indicados pelo próprio tribunal.Uma
das principais vias de ligação entre os bairros da Zona Sul e a Zona Oeste, a
Avenida Niemeyer foi fechada às 15h12, pouco antes do fim do prazo determinado
pela Justiça. O prefeito revelou ainda que a prefeitura já montou um plano
emergencial enquanto durar a decisão. Na noite da última segunda-feira, a 3ª
Vara de Fazenda Pública concedeu parcialmente uma medida cautelar de urgência
requerida pelo Ministério Público do Rio (MP), que solicitava a interdição da
avenida. O MP também pediu a retirada dos moradores, mas não conseguiu.
— Desde fevereiro já estamos fazendo um plano de emergência
na Avenida Niemeyer — disse o prefeito. Crivella revelou que espera reverter a
decisão.
As declarações de Crivella foram dadas na tarde desta
terça-feira, durante encontro com taxistas no Palácio da Cidade, para comemorar
os 18 meses do aplicativo Taxi-Rio, uma iniciativa da Prefeitura do Rio. O prefeito
aproveitou a conversa para fazer uma espécie de prestação de contas, voltando a
criticar as concessionárias que administram a Linha Amarela e o VLT. Também
garantiu que no próximo ano não vai repassar qualquer centavo ao Carnaval do
Rio.
O encontro reuniu cerca de 200 motoristas. Pioneira na
gestão pública de táxis no país, a plataforma Táxi.Rio é administrada pela
Empresa Municipal de Informática (IplanRio) e conta atualmente com mais de 25
mil taxistas cadastrados, e desde sua criação já concedeu R$ 75 milhões em
descontos aos passageiros, com mais de 7 milhões de corridas realizadas.
Em janeiro deste ano, Crivella protagonizou um
"embate" com o Ministério Público, quando promotores condenaram a
reabertura da Ciclovia Tim Maia. Na ocasião, o prefeito do Rio disse "não
ter dúvidas" de que a construção era segura, e chegou a trafegar pela via
dirigindo um rolo compressor. Em fevereiro, mais um trecho da pista caiu, e ela
voltou a ser bloqueada. Em abril, um quarto trecho também despencou.
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