Popularidade de Bolsonaro já sofre desgaste entre os mais
ricos
O desgaste da imagem de Jair Bolsonaro começou a subir a
pirâmide de renda. O presidente já havia perdido pontos entre eleitores mais
pobres e da classe média, mas preservava seu capital político nos andares de
cima. Pesquisas do último mês sugerem que a insatisfação chegou a quem ganha
mais.
O último levantamento XP/Ipespe indicam uma disparada da
reprovação a Bolsonaro desde abril em segmentos de renda mais alta. No grupo
que recebe mais de cinco salários mínimos, o índice de eleitores que consideram
o governo ruim ou péssimo passou de 22% para 41%.
As fatias mais ricas da população foram as primeiras a
aderir à candidatura de Bolsonaro durante a campanha, segundo pesquisas da
época. O candidato conseguiu consolidar o apoio desses núcleos e, depois,
expandiu seu eleitorado para a classe média e para os mais pobres. Agora, a
erosão ocorre no sentido inverso.
Números de março registravam que os brasileiros com renda de
até cinco salários reduziam sua aprovação ao presidente. Dois meses depois, é
possível enxergar uma curva semelhante nas faixas superiores.
Entre eleitores com renda acima de cinco salários mínimos, o
percentual de entrevistados que consideram o governo ótimo ou bom caiu de 47%
para 34%. A margem de erro nesse recorte é maior, mas os dados apontam para uma
tendência relativamente constante nesse grupo.
Regiões que deram vitórias expressivas a Bolsonaro no
segundo turno também registram mudanças. No Sul, onde o candidato do PSL
recebeu 7 de cada 10 votos válidos, sua aprovação está em 40%. Em janeiro, só
13% dos entrevistados consideravam o governo ruim ou péssimo. Agora, esse índice
é de 32%.
A desidratação da popularidade é normal, especialmente no
meio de um atoleiro econômico duradouro. As pesquisas, porém, mostram que
culpar forças terríveis pelas frustrações do governo não deve colar. Quase
metade da população (47%) ainda acha que o governo será bom, mas o tempo está
passando.
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