Sergio Moro deve ter se animado com os aplausos que recebeu
no voo que tomou para a Flórida, na semana passada. O ministro interrompeu as
férias com a família e foi às redes sociais para criticar, mais uma vez, a
divulgação de conversas da força-tarefa da Lava Jato.
“Sou grande defensor da liberdade de imprensa, mas essa
campanha contra a Lava Jato e a favor da corrupção está beirando o ridículo”,
escreveu o ex-juiz, nesta terça-feira (16). “Se houver algo sério e autêntico,
publiquem por gentileza.”
O ministro mostrou que não aceita questionamentos sobre sua
atuação como julgador. Segundo sua lógica tortuosa, a única justificativa para
a publicação dos diálogos é uma conspiração para proteger criminosos e matar os
processos de Curitiba.
Moro ignora o interesse público ao atacar os veículos que
publicaram reportagens sobre o assunto. O ministro parece ter adotado o
comportamento típico de autoridades que preferem agir como seres intocáveis.
Contaminados pelo prestígio, muitos poderosos simplesmente não admitem ser
contrariados.
Nesse episódio, o ex-juiz espelha seu novo chefe. Jair
Bolsonaro é um mestre em abafar verdades inconvenientes e desqualificar seus
críticos. Na segunda-feira (15), ele elaborou um raciocínio esdrúxulo para
tentar desmerecer os reparos feitos à indicação de um filho sem qualificações
para o posto mais importante da diplomacia brasileira no exterior.
“Se está sendo tão criticado, é sinal de que é a pessoa
adequada”, disse o presidente. Bolsonaro não quis mencionar que também houve
desaprovação à escolha de Eduardo entre seus aliados. Sempre ouvido e elogiado
pela primeira-família, o ideólogo Olavo de Carvalho refutou a indicação, mas
foi desprezado.
O presidente e seus auxiliares confundem críticos com
inimigos, insistem em decisões inadequadas e são incapazes de reconhecer seus
erros. Dessa maneira, eles buscam uma blindagem para seus atos. Correm o risco,
no entanto, de ficar isolados dentro dessa redoma.
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