A nova pesquisa Datafolha mostra que Jair Bolsonaro
encolheu. Depois de oito meses, o índice de brasileiros que consideram o
governo ruim ou péssimo subiu para 38%. É uma reprovação bem maior que a dos antecessores Fernando
Henrique (15%), Lula (10%) e Dilma (11%) no mesmo período.
Para se ter uma ideia do buraco: com seis meses no poder,
Fernando Collor era rejeitado por 20%. Ele já havia confiscado as poupanças,
mas ainda não chegava perto do capitão em impopularidade.
A rejeição a Bolsonaro é maior entre negros (51%),
nordestinos (52%) e desempregados (48%). No entanto, também avança em setores
que o apoiaram maciçamente na eleição. Chega a 46% entre os mais ricos e a 43%
no público com ensino superior.
Outro dado ajuda a dimensionar o desgaste do presidente. De
cada quatro eleitores dele, um afirma que não repetiria o voto hoje. Isso
aponta um exército de 14 milhões de arrependidos — um incentivo e tanto para
quem pretende confrontá-lo em 2022.
Desde a última rodada da pesquisa, Bolsonaro disse palavrões
em discursos e entrevistas, ofendeu os governadores do Nordeste, demonstrou
descaso pelo desmatamento da Amazônia e comprou brigas com líderes de países
europeus.
Essa estratégia de radicalização pode agitar as redes, mas
não tem dado bons resultados no mundo real. Para 55% dos brasileiros, o
presidente não se comporta à altura do cargo na maior parte das situações. Em
outra etapa do questionário, 44% disseram que não confiam em nada do que ele
diz.
Nos últimos dias, o Planalto tentou emplacar a versão de que
o bate-boca com Emmanuel Macron fez Bolsonaro virar o jogo. Ele teria saído
como defensor da soberania nacional contra a cobiça estrangeira pela Amazônia.
A pesquisa desmonta a propaganda. Para 75%, o interesse internacional pela
floresta é legítimo, já que ela é importante para todo o planeta.
Ontem o presidente insistiu no autoengano. Ao ser
questionado sobre a insatisfação dos eleitores, preferiu lançar dúvidas sobre a
pesquisa.
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