Evidente que a saída de Luiz Henrique Mandetta do
governo é coisa certa. Será assim que a crise sanitária arrefecer e ocorrerá
por iniciativa do ministro e não por imposição do presidente que hoje teve
importante demonstração do quanto o seu poder está em franco processo de
erosão.
Jair Bolsonaro bem que gostaria de ter demitido
Mandetta, mas não o fez porque não pôde. Embora não seja homem de se render às
evidências, foi convencido de que o prejuízo político seria irrecuperável e
ainda teve de ouvir o ministro reafirmar publicamente a autonomia na aplicação
de critérios científicos, exortar a equipe para “ficar até quando eu disser que
é para ficar”, repreendê-lo indiretamente por investidas contra as orientações
do Ministério da Saúde, além de não lhe citar o nome nenhuma vez.
Bolsonaro não conseguiu exonerar o ministro por vários
motivos. Primeiro, não tinha uma justificativa; segundo, não saberia explicar a
razão de abrigar um auxiliar que cria problemas graves, como Abraham Weintraub,
enquanto demite outro que trabalha por soluções; terceiro, teria contra si os
governadores dos estados; quarto, se arriscaria a ser abandonado por ministros
que apoiam as diretrizes de Mandetta ; quarto, teria de amargar uma inevitável
rejeição ao substituto fosse quem fosse; quinto e definitivo ponto: pagaria a
conta do alastramento do vírus e, consequentemente, dos doentes e dos mortos.
Ainda assim, o ambiente não está apaziguado e a questão
longe de ser resolvida pois, de maneira traiçoeira, os dragões da maldade que
alimentam as piores investidas do presidente seguirão tentando desmoralizar o
ministro da Saúde.


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