A demissão de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde
seria um bom caminho para quem torce por uma rápida derrocada de Jair
Bolsonaro.
Ao ameaçar a atual política de combate ao coronavírus, a
queda do ministro provocaria reação política de altas proporções dos outros
Poderes.
Isolaria mais o presidente dentro sua equipe ministerial,
que tem apoiado Mandetta frente à pandemia.
A pequeneza do presidente em relação ao ministro pode
arriscar o futuro do governo no longo prazo e, no curto, ameaçar a vida dos
governados por ele. Se você é dos que não suportam mais a gestão Bolsonaro e
quer seu fim, só que está preocupado com a escalada imediata do vírus, então é
melhor torcer para que ele e Mandetta se entendam.
O sonho do presidente é nomear alguém alinhado aos seus
delírios científicos. Que abrace fórmulas baseadas na metáfora bolsonariana de
que o vírus é como uma chuva em que 70% dos brasileiros vão se molhar e apenas
os idosos serão os mais afetados (ignorando, por exemplo, o impacto da doença
sobre jovens).
Para o lugar de Mandetta, fala-se muito do presidente da
Anvisa, Antônio Barra Torres, e do ex-ministro Osmar Terra, entusiastas de
restrições menos severas à população.
Hoje, o chefe da Saúde conta com o respaldo dos presidentes
do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O
presidente do STF, Dias Toffoli, e seus colegas não escondem o respeito pelo
trabalho conduzido por ele.
Congresso, Supremo e ministros de peso, como Sergio Moro
(Justiça) e Paulo Guedes (Economia), compartilham da defesa do isolamento
social como ferramenta para brecar a velocidade do coronavírus.
Maia afirmou na sexta-feira (3) que Bolsonaro não tem
coragem de demitir Mandetta nem mudar a política de combate ao coronavírus.
Quem torce pela vida espera que Bolsonaro continue sem
coragem de mexer nas diretrizes atuais do ministério e, claro, que também erre
em suas previsões de chuva.


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