sexta-feira, 26 de junho de 2020

DIÁRIO DA CRISE

Do Blog do Gabeira

Diário da Crise XCVII

A imprensa vai falar muito da mudança de rumo de Bolsonaro. Ficou mais tranquilo, afaga o STF e o Congresso, fala em paz e harmonia.

O velho Bolsonaro continua em combate, no entanto. Ele investe contra a decisão da justiça de Brasilia que o obriga a usar máscara em público.

Se Bolsonaro tivesse mudado mesmo não custava nada aceitar essa regra social. Mas utiliza a Advocacia Geral da União para enfrentar o vírus de cara limpa.

Começaram os dissabores do novo ministro da educação. Consta no seu currículo oficial um doutorado em administração na Universidade de Rosário, Argentina.

O reitor da Universidade, Franco Bartolocci desmentiu a notícia na suas redes sociais. E agora?

O MEC apresentou o documento comprovando que o ministro Carlos Decotelli concluiu o curso.

Alguém está mentindo.

Por falar em mentirinha, o advogado Frederic Wassef, da família Bolsonaro, contratou um novo roteirista. Ele começou dizendo que Queiroz esteve em sua casa durante mais de um .ano sem que ele tivesse conhecimento.

Como Queiroz aterrissou lá? Wassef não sabia responder.

O novo roteirista apresenta esta versão: Wassef acolheu Queiroz porque o funcionário da família Bolsonaro estava ameaçado de morte.

Segundo o roteiro, forças ocultas queriam matar Queiroz e colocar a culpa no presidente Bolsonaro. Tremendo plano.

Wassef disse que não contou a Bolsonaro que estava protegendo Queiroz. Seu novo roteirista terá de explicar essa falha: há um plano diabólico contra seu cliente presidencial, você cuida de tudo durante mais de um ano, e não conta nada ao presidente.

Maravilha. Assim de estória em estória, Wassef vai se enrolando sem que ninguém faça muito esforço para desmentí-lo porque suas estórias se desmentem por si próprias.

Assim vamos para mais uma semana. Ontem participei de um debate na Fundação Braudel com o professor Oscar Vilhena. Era sobre o Brasil, choque de instituições, enfim a conjuntura e perspectivas.

Hoje participo do movimento Direitos Já. Devo falar. É estranho falar olhando para a própria cara no computador, sem ter muito bem a ideia de quem está ouvindo.

Tempos de quarentena. Tenho saudades das assembleias do passado, os comícios que sempre tinham um bêbado te aparteando no meio da multidão.

Mas o coronavírus mudou nossa vida. E continua avançando aqui e nos Estados Unidos, sobretudo lá onde já bateu o marco de dois milhões de atingidos.

Tomara que tenhamos um sábado de sol. Meus desejos que se resumem a isso.

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