Afirmar que a maior prioridade pós-pandemia é a geração de
empregos e a retomada do crescimento econômico é “chover no molhado”. Afinal,
as novas projeções do FMI apontam para uma retração da economia brasileira de
9,1% em 2020.
Os motores que podem impulsionar são o investimento e o
consumo, privado e público, e o comércio exterior. Mas quem comanda o
crescimento são os investimentos. Nas ultimas décadas a taxa de investimento do
país foi reconhecidamente baixa, chegando a 15,4% do PIB em 2019.
Dada a grave restrição fiscal que se impõe ao setor público
as respostas não virão a partir de seus investimentos. A situação fiscal é
dramática. E as receitas estão caindo em função da crise e as despesas
continuam crescendo em sua rigidez inercial. A resposta obrigatoriamente virá
dos investimentos privados e do crescimento das exportações.
Mas não bastam, para atrair investimentos privados, bons
fundamentos macroeconômicos. Já foi dito que no plano fiscal não estamos bem.
Mas no segmento da política monetária temos a menor taxa básica de juros da
história (2,25%) e inflação bem abaixo da meta. E do ponto de vista cambial
temos reservas cambiais abundantes, saldo comercial positivo, apesar da queda
do investimento direto estrangeiro e da relativa fuga de capitais do Brasil.
Mas há, além dos dados objetivos, fatores subjetivos que se
refletem na formação das expectativas dos investidores. Precisamos gerar um
ambiente de confiança. Garantir segurança jurídica, estabilidade legal e
regulatória, diminuir o Custo Brasil, garantir infraestrutura adequada ao
desenvolvimento, enraizar a cultura de respeito aos contratos, passar a ideia
de que o Brasil tem rumo e estancar a instabilidade política.
O atual ambiente institucional confuso não nos ajudará a
sair da profunda recessão que se avizinha. O investidor gosta de tranquilidade
e de regras claras e confiáveis.
O jornal Valor Econômico mostrou que das dez maiores PPPs do
país, cinco ou fracassaram ou têm futuro incerto. Mas há bons exemplos de
parcerias que deram resultados nas áreas da infraestrutura, saúde, educação e
sistema penitenciário. Várias concessões públicas estão problematizadas, mas há
muitas que foram bem. O programa de privatizações foi estancado devido à crise,
mas será retomado em algum momento futuro.
Entretanto, precisamos melhorar muito a imagem do Brasil e
prosseguir nas reformas estruturais macro e microeconômicas. Temos que tratar
melhor a questão ambiental e dos direitos humanos que pesam na opinião pública
internacional. Gestores de fundos que administram 3,7 trilhões de dólares
encaminharam documento às embaixadas brasileiras em oito países questionando a
postura brasileira. Precisamos retomar as tradições da política externa
brasileira e evitar polarizações danosas e alinhamentos automáticos.
E avançar em medidas como o Novo Marco do Saneamento
aprovado, que poderá atrair 700 bilhões de reais em investimentos e tem metas
arrojadas de assegurar água tratada a 99% da população e coleta de esgoto a 90%
dos brasileiros até 2033.
Na mesma direção, aprovar as reformas tributária e
administrativa, licitar o 5G nas telecomunicações e manter o compromisso
permanente com a responsabilidade fiscal e a estabilidade da economia.
É isto que todos esperam como horizonte para um novo Brasil pós-COVID-19.
Nenhum comentário:
Postar um comentário