Meu primeiro artigo deste ano, neste espaço, tinha por
título “O aquecimento global entrou na alta finança”, comentando a reunião do
Fórum Econômico Mundial, realizada em Davos, Suíça.
Nela, “Klaus Schwab, fundador do evento, distribuiu uma
carta aos participantes, escrita em coautoria com os presidentes do Bank of
America e da Royal DSM, na qual diz que o atual modelo econômico não é mais
sustentável e que terá de mudar para incorporar, entre outras coisas,
tolerância zero com a corrupção, proteção ao meio ambiente, uso ético de
informações privadas e respeito aos direitos humanos em toda a cadeia de
fornecedores”.
Em suporte a essa visão, Larry Fink, presidente da Black
Rock, gestora global de recursos, em sua influente carta anual, disse que sua
empresa evitará investimentos em companhias que apresentem grandes riscos
associados a sustentabilidade.
Daqui em diante, não se poderá dizer que meio ambiente é
apenas objeto de manifestações da esquerda, de “onguistas” ou de europeus. Ao
contrário, os maiores líderes mundiais de negócios estão dizendo que a coisa é
“importante e urgente”.
Entretanto, o governo federal não tomou conhecimento do que
lá foi dito. Ao contrário, o ministro do Meio Ambiente continuou inteiramente
dedicado a “passar a boiada” e, em consequência, o fogo e o desmatamento ilegal
da Amazônia continuaram a crescer sem parar.
Não bastasse isso, ministros, como o (ex, felizmente) da
Educação e o das Relações Exteriores continuaram insistindo em insultar e
atacar o nosso maior cliente, a China.
Finalmente, certas lideranças do setor mantêm uma atitude
agressiva e pouco construtiva de que “eles não têm alternativa, têm que comprar
de nós”. A propósito, seria bom lembrar que o cemitério de empresas está cheio
de gente arrogante que, em algum momento, desprezou seus clientes, esquecendo
que ninguém é insubstituível.
Na semana que passou, 29 grandes gestores de fundos de
investimento, que administram mais de US$ 4 trilhões, enviaram carta às
embaixadas do Brasil para alertar que “desenvolvimento econômico e proteção ao
meio ambiente não são mutuamente excludentes…instamos o governo do Brasil a
demonstrar um compromisso claro para com a eliminação do desmatamento e a
proteção dos direitos dos povos indígenas”. Pedem ainda, os fundos, uma
conversa com representante do Executivo.
É impossível maior clareza quanto ao risco que estamos
correndo.
Importantes lideranças empresariais, ao contrário de certos
ministros, também alertam para o perigo e as consequências da forma como o
Brasil está lidando com a questão ambiental. Estas preocupações foram
manifestadas, ainda nestes dias, pelos presidentes dos dois maiores bancos
brasileiros.
O agronegócio tem sido um dos poucos segmentos a enfrentar
com galhardia esta que é a maior crise do Brasil moderno. Na verdade, o faz
desde a recessão de 2014/2016.
Mas a destruição da Amazônia é uma ameaça real. É
inacreditável que ainda tenha gente que teima em não reconhecer este
fato.
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