Impressiona, ainda que não surpreenda, o contorcionismo dos
apoiadores do governo para empacotar a corrupção como um mal menor diante da
prisão de Fabrício Queiroz e da possibilidade de o primeiro-filho, o senador Flávio
Bolsonaro, ter o mesmo destino.
Corrupção, confirmamos mais uma vez, nunca foi a razão para
eleger um sujeito ignóbil como Jair. Fosse isso, bolsonaristas não defenderiam
agora rachadinha como prática aceitável, “porque todo mundo faz”, “porque nem se
compara ao que o PT ou Sérgio Cabral roubaram”. Mesmo para o padrão tupiniquim
de lambe-bota de político, essa praga que nos assola, a mítica frase “rouba,
mas faz” sofre aqui um duplo twist carpado.
Sabemos que a moral de parte da população é flexível. Bate
palmas para tipos como Paulo Maluf, porque construiu pontes e avenidas, embora
tenha enchido o bolso com milhões. Defende que partido que tira pobre da
miséria não merece crítica nenhuma, apenas redenção, apesar dos comprovados
pesares.
De Adhemar de Barros ao PT, o “rouba, mas faz” sempre foi
exaltado. Coisa nova na vida política é a defesa apaixonada do “rouba, mas é
pouco”. Não é pouco e faz falta na educação, na saúde, na segurança.
Bolsonaro tem razão quando diz que os brasileiros deveriam
ser estudados. Muitos fecham o nariz e pulam no esgoto do pragmatismo político.
Apoiadores do presidente têm demonstrado que podem nadar de braçada nessa
imundice ao aceitar rachadinha, contratação de funcionário fantasma, inclusive
pelo então deputado Jair, uso de verba pública para financiar atos privados e
sites ideológicos, além dos superfaturamentos tão disseminados nos gabinetes
parlamentares.
Com um ano e meio de governo, resultados desastrosos em todas as áreas, já sabemos que o apoio ao clã presidencial é irrestrito e pode evoluir até mesmo para o “rouba, não faz nada, mas e daí?”.
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