Na largada da pandemia, Ibaneis Rocha (Distrito Federal)
ousou ser o primeiro governador do país a fechar escolas e impor medidas
restritivas de circulação de pessoas para conter o vírus. O DF registrava
apenas um caso da doença, e a prontidão da medida suscitou críticas sobre sua
precocidade.
Contrastava com o negacionismo do Palácio do Planalto. Por
vezes, Ibaneis censurou Jair Bolsonaro pela participação em manifestações na
Esplanada. “Atrapalha. Traz uma informação de cenário político dividido e, para
a população, sinaliza de forma errada.”
Tanta cautela e ainda assim o DF era considerado em fase de
aceleração descontrolada do vírus. Com o surto aparentemente contido após
semanas e com a baixa ocupação de leitos para Covid-19 (25%), o Palácio do
Buriti voltou a ousar. Foi uma das primeiras unidades da federação a
flexibilizar as regras de isolamento. Simultaneamente lançou um amplo programa
de testagem.
Mas os frutos da impertinência brotaram. O relaxamento fez o
quadro se deteriorar e, mesmo com o aumento da oferta de leitos, a ocupação de
unidades exclusivas se aproxima do limite. Na rede privada, o índice supera
90%, e na pública, 64%; as UTIs registram 75%.
Com alta taxa de transmissão, a capital federal se torna um
dos eixos do novo epicentro da pandemia —Sul e Centro-Oeste. Relatos médicos
viralizam, alertando para iminente colapso do sistema, ao passo que surgem
investigações sobre fraudes nas compras públicas de testes.
Um tresloucado Ibaneis declarou, na segunda (29), estado de
calamidade (por mais verbas federais?). Na quinta (2), porém, editou decreto
para reabertura total, inclusive das escolas, em um abreviado cronograma até
agosto. Em espasmos doidivanas, agora declara que restrições à circulação “não
servem mais para nada” e que é preciso tratar a doença “como uma gripe”.
Emula Bolsonaro, de quem se aproxima cada vez mais politicamente, para empilhar mortos.
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