Ao desautorizar publicamente a proposta do ministro da
Economia, Paulo Guedes, de criação do Renda Brasil, o presidente Jair Bolsonaro
colocou o "posto Ipiranga" na frigideira e jogou para a plateia. A
avaliação é de interlocutores do chefe da equipe econômica.
Durante evento em Minas Gerais, Bolsonaro disse que suspendeu
os estudos da equipe econômica para a criação do Renda Brasil porque
não concordou com a ideia de tirar dinheiro de "pobre" para dar a
"paupérrimo".
A frase faz referência à ideia da equipe econômica de
extinguir o abono salarial, que paga um salário mínimo ao ano para quem ganha
até dois mínimos mensais. Isso garantiria R$ 18 bilhões para o Renda Brasil,
mas Bolsonaro foi contra a proposta, que encontra
resistências também dentro do Congresso.
Amigos do ministro Paulo Guedes avaliam
que, se não der novas declarações defendendo o ministro, Bolsonaro terá
colocado o chefe da equipe econômica na frigideira de vez.
Paulo Guedes virou alvo de uma fritura dentro do governo por
ministros que querem abrir exceções
no teto dos gastos públicos para investimentos públicos. Na
disputa do teto, depois de momentos dúbios, o presidente
se posicionou ao lado do ministro da Economia.
Para a plateia
Agora, na discussão do Renda Brasil, aliados de Paulo Guedes
avaliam que o presidente jogou a discussão "para a plateia". Deu
declarações em um evento público, passando a mensagem de que estaria
contrariado com as ideias da equipe econômica.
Na prática, diz um amigo de Guedes, o presidente parece ter
se aliado ao grupo que tenta desgastar o ministro.
Segundo assessores do Ministério da Economia, a expectativa
agora é sobre a orientação que o presidente dará para a sequência dos estudos
do Renda Brasil. Se for na linha de cortar gastos e encontrar novas fontes de
receitas, a equipe seguirá os planos.
A outra opção, para acomodar o Renda Brasil no orçamento sem
cortar programas e benefícios, seria furar o teto de gastos públicos.
Neste caso, a proposta fugiria totalmente da linha econômica
do Ministério da Economia – e poderia colocar em dúvida a permanência de Paulo
Guedes no governo.
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