domingo, 25 de outubro de 2020

AS DIREITAS EM CHOQUE

João Gabriel de Lima, PIAUÍ

O jornalista Lucas Berlanza não quer ver Sara Winter nem pintada. Ele, que hoje preside uma das entidades mais tradicionais da direita brasileira, o Instituto Liberal, já defendeu a extremista dos militantes conservadores que a criticavam por seu passado de feminista radical. Chegou a escrever um artigo em que elogiava a “corajosa transformação” de Sara Winter, que renunciou ao seu passado esquerdista e virou uma defensora de Jair Bolsonaro e Olavo de Carvalho. “Ao longo de seis anos de militância, participei de vários congressos, com gente que se sentava na mesma mesa e que hoje não se olha na cara”, diz ele. “Hoje, confesso que não tenho vontade de participar de qualquer coisa ao lado de Sara Winter. Ela começou a defender uma espécie de milícia louca e chegou ao ponto de divulgar dados privados de uma menina de 10 anos, vítima de estupro, para que houvesse pressão sobre ela para não abortar. É radical como antes, só que com sinal trocado.”

Aos 28 anos, Berlanza tem orgulho de ter realizado a primeira conferência do Instituto Liberal reunindo algumas estrelas da nova direita que entraram para a política na onda conservadora que tomou impulso a partir de 2013, mas não esconde que sua decepção com a ascensão de Bolsonaro vai muito além de Sara Winter. “Ponha-se no nosso lugar”, diz, começando a explicar por que liberais como ele embarcaram na candidatura e no governo de Bolsonaro. “Estávamos vendo liberais de prestígio entrando no governo. Gente que frequentava nossos encontros e participava de nossos debates, como Salim Mattar, Adolfo Sachsida e Geanluca Lorenzon. Isso ocorreu também com conservadores como Bruno Garschagen e o professor Ricardo Vélez, que é um nome histórico do Instituto Liberal.”

Para Berlanza, o apoio dos liberais à eleição de um deputado que nunca apresentou uma única proposta liberal atualiza a estratégia da velha União Democrática Nacional (UDN), sigla que defendia o liberalismo clássico em meados do século passado. Nas três primeiras eleições presidenciais que disputou em 1945, 1950 e 1955, a UDN concorreu com candidato próprio e perdeu todas. Em 1960, escaldada com os fracassos sucessivos, decidiu apoiar Jânio Quadros, que não tinha qualquer identidade com o partido, mas se comprometera a implantar algumas das propostas liberais e anticomunistas defendidas pela sigla. Jânio Quadros, o decano dos populistas brasileiros, ganhou a eleição, mas seu governo foi um desastre. Depois de sete meses, renunciou ao cargo e deixou João Goulart em seu lugar, o herdeiro do getulismo que a UDN abominava. Para completar sua desgraça, a UDN apoiou o golpe miliar de 1964, e a ditadura que se seguiu extinguiu a legenda.

Berlanza, que é um admirador do principal líder da UDN, Carlos Lacerda, já classificou a adesão da nova direita a Bolsonaro como “estratégia Jânio Quadros”. Diz ele: “São dois fenômenos que correram em paralelo, não têm nada a ver um com o outro, mas se encontraram em algum momento.” Para Berlanza, assim como os udenistas do passado apoiaram Jânio Quadros, os integrantes da nova direita de hoje, ao aderirem a Bolsonaro, comportam-se como soldados liberais escondidos dentro de um cavalo de troia populista. E o paralelo histórico prossegue: não deu certo em 1960 e não está dando certo agora. As tribos da direita estão estremecidas e tão divididas que passaram a merecer o mesmo plural usado para designar “as esquerdas” – hoje, são “as direitas”.

Fundado em 1983, o Instituto Liberal foi financiado, durante muito tempo, por Donald Stewart Jr., um filho de canadenses que espalhou filiais da entidade pelo Brasil. Outro patrocinador tradicional era o empresário Norberto Odebrecht, fundador da construtora que virou a estrela-guia dos escândalos da Operação Lava Jato. No ano seguinte à fundação, o Instituto Liberal deu origem ao Instituto de Estudos Empresariais (IEE), em Porto Alegre, liderado pelos irmãos William e Winston Ling, este último hoje notório nas direitas por ter apresentado Paulo Guedes a Bolsonaro. Enquanto os institutos liberais tinham um viés mais acadêmico, o IEE pretendia formar uma nova geração de líderes empresariais. No início, era patrocinado por três grandes grupos gaúchos – Gerdau, Iochpe e a Olvebra, atual Évora, de propriedade dos irmãos Ling. As entidades, tanto as voltadas aos estudos acadêmicos quanto aos empresariais, prosperaram nos anos 1990, enfrentaram uma seca de patrocinadores na virada do século e voltaram a se aprumar na década de 2010.

O Instituto Liberal de Berlanza, no entanto, ainda não conseguiu se reerguer. Nos anos 1980, sua sede ocupava um suntuoso casarão em Botafogo, no Rio de Janeiro. Depois, mudou-se para um lugar mais modesto, no bairro do Humaitá. Em 2015, Berlanza e seus jovens companheiros estavam se espremendo numa salinha na Cinelândia, tentando organizar um arquivo de milhares de livros e documentos. Hoje, o Instituto Liberal nem tem sede própria. As reuniões e os cursos ocorrem em endereços compartilhados, chamados coworking. O Instituto tem um site e promove cursos virtuais, mas, embora pequeno, não perdeu seu prestígio. Em breve, Berlanza vai publicar um artigo sobre liberais e conservadores brasileiros numa revista acadêmica norte-americana.

Hoje, Berlanza observa com preocupação a divisão das direitas sob o governo Bolsonaro. “Muitos ainda apoiam o governo, mas vejo também muito descontentamento com os sinais que o governo vem dando”, diz ele, ao enumerar os pontos frágeis. Cita a aproximação com o Centrão, a bancada do fisiologismo no Congresso Nacional, e a postura do governo durante a pandemia do novo coronavírus, que ajudou a produzir uma tragédia nacional que beira os 150 mil mortos. A ascensão dos militares dentro do governo é outro ponto negativo. “Os militares são o bolsonarismo raiz, mas têm uma agenda mais corporativista, que é o oposto da agenda liberal”, diz ele. Mas a “estratégia Jânio Quadros”, na verdade, começou a exibir suas primeiras fraturas ainda antes da eleição presidencial. 

Na sua página digital, o Livres se define como um “movimento político suprapartidário em defesa do liberalismo”. Um gráfico colorido explica o que isso significa. No desenho, à esquerda, aparece uma esfera azul, que representa “responsabilidade fiscal e liberdade na economia”. À direita, está uma esfera vermelha, com uma legenda que diz “sensibilidade social e liberdade nos costumes”. Na intersecção entre ambas, em lilás – a cor estampada nas camisetas do movimento – lê-se seu lema: “Liberdade por inteiro.”

O Livres surgiu em 2016 como uma tendência do hoje famoso PSL. Até então, o PSL era tudo o que um partido não deve ser: não tinha nenhuma ideia, mas tinha um dono, Luciano Bivar, então suplente de deputado federal. Bivar era pouco conhecido por sua carreira política, mas muito conhecido como cartola do Sport Club do Recife. Seu filho, Sergio Bivar, queria que o PSL virasse um partido de verdade e pretendia transformá-lo numa legenda liberal com o nome de Livres. Em 2017, aos 39 anos, com óculos e cabelo à Elvis Costello, Bivar filho arregaçou as mangas para fazer o trabalho de modernização.

Uma de suas primeiras providências foi convidar o cientista político gaúcho Fábio Ostermann, que, então com 33 anos, se projetava como uma liderança no universo da direita liberal. Os dois aproximaram-se da ala de jovens liberais do PSDB, conhecidos como “cabeças pretas”, que vinham perdendo espaço dentro do tucanato. Entre os intelectuais que se aproximaram do Livres, a estrela mais reluzente era a economista Elena Landau, designer das privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso e uma liberal “por inteiro”. Bivar pai, no comando do partido, aprovava o movimento. Em um evento, recebeu a jovem guarda liberal, como o deputado federal Daniel Coelho, um cabeça preta do PSDB, e o estudante paulista Kim Kataguiri, então com 22 anos, que ganhara fama nas manifestações pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. Disse-lhes que o Livres era o futuro do PSL.

Até que, em dezembro de 2017, o velho Bivar recebeu um convite de Jair Bolsonaro para almoçar – e aceitou. Na época, Bolsonaro já era um pouco mais do que apenas o deputado folclórico que subia à tribuna da Câmara para fazer discursos raivosos, elogiar a ditadura e defender vantagens para a corporação militar, que o elegia mandato após mandato. Em 2014, tivera uma votação consagradora na reeleição para deputado. Com 460 mil votos, fora o mais votado do Rio de Janeiro. Mas, naquele mês de dezembro, ele patinava nas pesquisas presidenciais e não tinha nem partido para se lançar candidato. Brigara com caciques do PSC e buscara em vão abrigo no PEN, rebatizado de Patriota. Era um candidato em busca de uma sigla. Bivar tinha uma. E os dois iam almoçar.

“Luciano Bivar nos garantiu que era apenas um encontro de cortesia”, diz Ostermann, relembrando o episódio. Quando Bolsonaro saiu do encontro e vazou à imprensa que poderia entrar no PSL, Ostermann, que acreditara nas palavras do velho Bivar, escreveu em sua página no Facebook: “Bolsonaro se mostra nessa história um belo vigarista, cujos métodos se assemelham cada vez mais aos daqueles que ele diz combater. Utilizou-se de uma reunião concedida cordialmente pelo nosso presidente para criar um factoide (que estaria vindo para o PSL) e se alavancar nas suas barganhas obscuras com as mais diversas legendas.” Não era factoide, nem barganha. No raiar do ano eleitoral de 2018, Bolsonaro assinou com o PSL. O resto é história: o “belo vigarista” virou presidente, o velho Bivar elegeu-se deputado federal, seu filho abandonou a política e o Livres rompeu todos os laços com o PSL.

Com isso, o Livres transformou-se num movimento que abriga filiados de diversos partidos. Criou a “bancada da liberdade”, que reúne parlamentares dos três níveis que comungam das mesmas ideias. Atualmente, a bancada tem 24 membros, entre deputados federais e estaduais, e vereadores, filiados a dez legendas diferentes. Um deles é o próprio Ostermann, que ganhou um mandato de deputado estadual no Rio Grande do Sul pelo Partido Novo. Elena Landau tornou-se presidente de um conselho acadêmico que assessora a bancada e reúne liberais da cepa de Pérsio Arida, um dos artífices do Plano Real, e Ricardo Paes de Barros, ex-integrante de governos tucanos e petistas e um dos criadores do Programa Bolsa Família. “Liberalismo antes de tudo é tolerância. Defender tortura não é liberal, eu diria que não é nem humano”, diz Elena Landau.

Na direita democrática da Europa, o livro da moda é The Life of an Idea (A vida de uma ideia), do britânico Edmund Fawcett. Em suas páginas, o credo liberal é definido como a ausência de um modelo predeterminado de sociedade e a convicção de que o embate livre de ideias, em clima de tolerância, pode levar melhorias aos países. Quem adere à direita democrática, nos termos definidos por Fawcett, claramente não pode apoiar um presidente que elogia um torturador como Carlos Brilhante Ustra, o Doutor Tibiriçá dos porões da ditadura. Mas há nuances entre as direitas. Mesmo entre os liberais, existem alas que apoiam o governo Bolsonaro com entusiasmo, outras que o defendem com constrangimento e uma terceira que o repudia com crescente desenvoltura. 

Kim Kataguiri, um dos fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL), já estava eleito como deputado federal quando recebeu um telefonema do recém-reeleito Jerônimo Goergen, coordenador da Frente Parlamentar da Agropecuária. Queria convidá-lo para participar de um encontro com Jair Bolsonaro, que acabara de se qualificar para o segundo turno contra o petista Fernando Haddad. Kataguiri aceitou. No encontro, realizado na casa de Bolsonaro na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, estavam jovens ascendentes da nova direita, como os deputados federais Vinicius Poit (SP) e Marcel van Hattem (RS), ambos eleitos pelo Partido Novo. Também participou o deputado estadual Arthur do Val, de São Paulo, outro integrante do MBL e conhecido pelo canal no YouTube onde se apresenta como Mamãe Falei.

Kataguiri lembra que Bolsonaro chegou fazendo piada. “Não vai ser uma faquinha de 15 cm que vai me matar”, disse, referindo-se ao atentado que sofrera um mês antes. Mamãe Falei retrucou: “Quinze? Então aumentou? Ontem o senhor disse que eram 12.” Passado o aquecimento das piadas, Bolsonaro começou a falar com os recém-eleitos em tom sério. “O que me impressionou nele foi a humildade”, rememora Kataguiri. Bolsonaro admitiu que não era o mais preparado para assumir a Presidência da República, mas era a única alternativa ao PT. Por isso, pedia o apoio de todos. Disse que não daria palpite na economia. “Essa parte eu deixo a cargo do Paulo Guedes e de vocês.” E deixou claro que era a favor de privatizações e da reforma da Previdência.

Apesar de Bolsonaro ter feito promessas que contrariavam suas posições corporativistas e intervencionistas adotadas ao longo de três décadas como deputado, Kataguiri e Mamãe Falei acreditaram no que ouviram – e gostaram. O MBL tinha reservas em relação aos bolsonaristas desde a votação do impeachment de Dilma, em abril de 2016. Na ocasião, haviam sido duramente criticados nas redes sociais porque um líder do movimento, Fernando Holiday, divulgou um vídeo em que, entre críticas a outros deputados, repudiava a menção que Bolsonaro fizera a Brilhante Ustra quando votou pelo impeachment. No entanto, mandaram às favas os escrúpulos do passado e, dias depois da reunião na casa de Bolsonaro, Kataguiri e Mamãe Falei já estavam participando de uma turnê de apoio ao candidato pelos estados do Nordeste, um ato de campanha que batizaram de “Jornada Patriótica”.

Já no início dos trabalhos no Congresso, o pessoal do MBL começou a desconfiar que Bolsonaro não se empenhava pela reforma da Previdência. Em vez disso, operava para proteger os militares, sua base de apoio desde sempre. Às divergências no plenário seguiram-se as pendengas nas redes sociais. Bolsonaristas espalhavam memes contra os desafetos e chamavam os deputados críticos de “comunistas”, mesmo os eleitos pela direita, como Kataguiri. A coisa desandou quando bolsonaristas convocaram uma manifestação contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal para 26 de maio de 2019. O MBL não aderiu, foi acusado de traidor e deu-se o rompimento. Hoje, é oposição ao governo. Já fez pedido de impeachment contra o presidente, a quem o movimento acusa, entre outras coisas, de interferência no caso das “rachadinhas” do senador Flávio Bolsonaro. 

Em setembro do ano passado, o Instituto de Formação de Líderes (IFL), sediado em Belo Horizonte, fazia os arremates finais para a realização do Fórum Liberdade e Democracia, evento anual que promove há uma década. Havia uma expectativa generalizada porque a décima edição do evento seria a primeira sob um governo de direita, com um liberal notório no comando do Ministério da Economia. O clima de uma celebração entre iguais, todos liberais de direita rezando pela mesma cartilha, logo se mostrou ilusório. Na abertura, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, do Partido Novo, exaltou o primeiro ano do governo Bolsonaro e, a certa altura, demonstrou dúvidas sobre alguns conceitos básicos.

“Eu sou nascido em 1964”, começou o governador. “Exatamente no ano da revolução ou do golpe militar, depende de quem quer dar o nome. De 1964 a 1985 nós vivemos um regime militar – alguns chamam de ditadura, de repressão – e de 1985 até o ano passado nós vivemos uma democracia. E eu posso dizer por mim mesmo: foi uma democracia irresponsável!” A plateia reagiu como se estivesse ouvindo uma obviedade, até que o professor Eduardo Wolf, estudioso do liberalismo e conservadorismo, começou a falar. E disparou:

“No Brasil temos uma tradição autoritária, que é absolutamente inseparável daquilo que se traduziu, nos últimos anos, em termos de conservadorismo ou de liberalismo. Minutos atrás estava no palco ninguém menos que o governador do estado de Minas Gerais, com dúvidas, com hesitações, sobre se deveria se referir à ditadura militar como uma ditadura. Isso é produto de uma mentalidade reacionária e autoritária que é a matriz do pensamento brasileiro.” Na plateia, surgiram vaias e alguns aplausos envergonhados.

Wolf continuou: “Um regime fecha o Congresso, mata, prende, tortura. Como alguém pode ter dúvidas se é uma ditadura ou não é? Se o governador de Minas Gerais faltou à aula de formação política do Partido Novo, ainda está em tempo de voltar e entender que isso é uma ditadura. É impossível um líder do Partido Conservador britânico ter essa hesitação.” Dessa vez, houve mais vaias e menos aplausos envergonhados.

Chegou a vez do economista Helio Beltrão, presidente de outra associação da direita, o Instituto Mises. Fez um discurso otimista sobre o governo. “O avanço é muito grande em relação ao que tinha aí. Temos lá o Paulo Guedes, com sua equipe sensacional, que está fazendo coisas magníficas.” Contemporizou: “O governo tem coisas boas, tem coisas ruins, tem o gabinete do ódio, que é preocupante. Vamos ver como é que isso evolui. Vamos ficar de olho quando sair da linha em algum aspecto. Mas, por enquanto, está muito melhor do que eu esperava comparando com aquela desgraça que a gente teve nos últimos quinze anos.” A plateia explodiu em ovação. Beltrão só não foi mais aplaudido que Paulo Guedes, que fez um encerramento apoteótico do evento.

Wolf e Beltrão se conhecem de anos frequentando seminários organizados pelos institutos empresariais. A divergência entre ambos resume exemplarmente a cisão entre os liberais. “Existem os que consideram que liberalismo é apenas a adesão a uma agenda econômica. Por isso, eles se entusiasmaram com a chegada de um liberal como Paulo Guedes ao poder, a ponto de fazer vista grossa para outras coisas”, diz Wolf. Sua visão sobre as “outras coisas” fica clara no nome do projeto que coordena hoje no Laboratório de Política, Comportamento e Mídia da Pontifícia Universidade Católica (PUC), em São Paulo. Chama-se “Bolsonarismo, o novo fascismo brasileiro”.

Beltrão é um dos mais ativos militantes do liberalismo: promove cursos, dirige o Mises, dá entrevistas, escreve colunas em jornais. “Mal dá tempo de almoçar”, disse, durante uma entrevista à piauí por Zoom, enquanto fazia de um pacote de batatas fritas sua refeição do dia. Beltrão define sua posição em relação ao governo Bolsonaro como a defesa de um “enclave” – a área econômica –, e não do governo como um todo. Sem saber, estava incorporando o exemplo de Wolf para o liberal que se cega para “outras coisas”. “Bolsonaro não é um liberal, é um nacionalista”, admite Beltrão. “Mas naquela reunião que vazou, ele fez uma defesa da liberdade individual. Se ele trouxe o Guedes, sei que ele tem um ladinho liberal.” 

Para os “liberais por inteiro”, Rodrigo Constantino, que atualmente preside o conselho do Instituto Liberal, não passa de um liberal de fachada. Ou, como diria Berlanza, um “liberista”. Constantino partiu de uma postura cética em relação a Bolsonaro e seu governo para, num processo um tanto incomum, tornar-se um defensor cada vez mais ferrenho do presidente. “Acho que é absolutamente legítimo um liberal ter desconforto com o governo”, diz ele, ressaltando que fala por si mesmo, e não pelo Instituto Liberal. “A postura do bolsonarismo, dos filhos, é muito de guerra, muito tribal, ou você está comigo ou está contra mim. É diferente do liberalismo, que se baseia na tolerância.”

No entanto, Constantino entende que, no Brasil de hoje, vive-se como numa situação de guerra: é preciso assumir um lado. “No Brasil sempre houve uma briga entre PT e PSDB, mas não tinha nada exatamente à direita participando do jogo. Este é o primeiro governo que ganha com uma pegada liberal na economia e conservadora nos costumes”, diz ele. Portanto, no seu raciocínio, quem é de direita deve apoiar o governo, e ponto final. “Houve gente que não era de direita e a máscara caiu. O MBL, por exemplo, era um grupo mais tucano que qualquer outra coisa. Passou então a culpar o presidente pelas mortes, fazer passeatas com cruzes, algo semelhante ao que o PT fazia.”

Para Constantino, Bolsonaro é como o “herói trágico” descrito pelo historiador Victor Davis Hanson, um intelectual com prestígio entre os conservadores da academia norte-americana e estudioso da história militar grega do período clássico. Em The Case for Trump (A favor de Trump), Hanson diz que o presidente dos Estados Unidos é um “herói trágico”, do qual os norte-americanos jamais vão gostar, mas de quem dependem para combater os “excessos” da esquerda. Bolsonaro, na visão de Constantino, cumpre o mesmo papel: é o sujeito tosco talhado para “expulsar doutrinador e comunista da sala de aula, fechar a torneira das ONGs ambientalistas na Amazônia e manter a melhor equipe econômica que eu já vi”. 

O prêmio de melhor tese acadêmica do triênio 2017-19 da Associação Brasileira de Ciência Política foi concedido a Camila Rocha, uma cientista política que examinou a ascensão da nova direita. Seu trabalho, que levou o título Menos Marx, Mais Mises: Uma Gênese da Nova Direita Brasileira, narra a trajetória dos jovens que surgiram no Orkut na primeira década do século XXI para depois ocupar as ruas, as redes sociais e, finalmente, os parlamentos. Eram garotos que, em vez dos Beatles e dos Rolling Stones, amavam economistas liberais, como o austríaco Friedrich von Hayek, e pensadores conservadores como o britânico Michael Oakeshott. E amavam, claro, Olavo de Carvalho, o ex-astrólogo que já na época não escondia suas veleidades de tornar-se uma versão brasileira à direita do marxista italiano Antonio Gramsci.

Enfrentando um ambiente hostil nos meios acadêmico e cultural, áreas sob tradicional influência da esquerda, os jovens começaram discutindo suas leituras pela internet. “Para mim o fenômeno da nova direita foi antes de tudo um fenômeno bibliográfico. Queríamos ler livros que nos ajudassem a contrapor a academia, dominada pela esquerda”, diz Berlanza. No extinto Orkut, “Olavo de Carvalho” tornou-se uma das comunidades sobre política mais visitadas da plataforma. Do mundo digital, passaram a prestigiar a criação de editoras, como É Realizações e Vide Editorial, que publicavam clássicos do pensamento liberal e conservador, como Roger Scruton, Russell Kirk, Gustavo Corção e Gilberto Freyre, além de Olavo de Carvalho.

Em paralelo, surgiram os grupos de militância universitária cujo objetivo era disputar com a esquerda as eleições para a direção de centros acadêmicos, entre outros. Em 2006, fundou-se o Endireita Brasil, que reunia jovens advogados de direita. Entre os principais articuladores estavam o historiador Rodrigo Neves e o hoje ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Em entrevista à cientista política Camila Rocha, Neves falou sobre os primórdios do Endireita Brasil. “Éramos eu e o Ricardo Salles, éramos nós, nadando contra a corrente da direita brasileira. Porque essa nova direita brasileira era hegemonicamente libertária e liberal. O próprio Ricardo se dizia direita liberal senão ele não conseguia vender o peixe dele. Mas eu me autoproclamei: ‘Eu sou conserva!’”

Os “conservas” começaram a sair do armário. O professor de economia política Bernardo Santoro e o economista Rodrigo Constantino, figuras ligadas ao Instituto Liberal, proclamaram-se “liberais-conservadores”. Em 2008, Joel Pinheiro da Fonseca, economista e bacharel em filosofia, passou a editar a revista acadêmica Dicta & Contradicta. No ano seguinte, o sociólogo Fábio Ostermann fundou o movimento Estudantes pela Liberdade, inspirado no norte-americano Students for Liberty, que defende o liberalismo clássico. Praticamente sem patrocínio, o EPL chegou a organizar mais de seiscentos eventos pelo Brasil, além de criar mais de duzentos grupos de estudos. A direita estava se articulando e aparecendo, embora desde o início não fosse um grupo homogêneo.

A vertente mais radical forjou uma linguagem própria, um pouco por inspiração de Olavo de Carvalho, adotando o discurso agressivo e cáustico, com uso intensivo de palavrões e xingamentos. Os grupos mais moderados queriam provocar discussões sobre liberalismo, conservadorismo e ultraliberalismo. Alguns dos “conservas”, egressos das tribos forjadas em debates na internet e nas universidades, filiaram-se ao Partido Social Cristão, o PSC. Para a pesquisadora Camila Rocha, contaram de seu espanto ao descobrir que correligionários – como Marco Feliciano e Pastor Everaldo, recentemente preso por suspeitas de envolvimento em corrupção – não tinham lido os clássicos do conservadorismo.

No período do governo Lula, as direitas entraram na internet, criaram revistas acadêmicas e grupos de estudo, e fundaram a militância universitária. Durante o governo Dilma, elas foram para as ruas. De início, timidamente. Além dos protestos contra os impostos, as correntes libertárias participaram da Marcha da Maconha. Em seguida, surgiram, aqui e ali, algumas manifestações contra a corrupção, mas o assunto, como observa Camila Rocha em sua tese, não preocupava nem 5% dos brasileiros. Em 2013, num dos protestos, Joel Pinheiro da Fonseca organizou um grupo que, sob o vão do Museu de Arte de São Paulo, pedia liberdade irrestrita para os transportes, enquanto o Movimento Passe Livre, detonador daquelas manifestações, protestava contra o aumento das tarifas. “Antes que Uber e outros aplicativos se popularizassem, nós defendíamos que qualquer um pudesse usar seu próprio carro para transportar passageiros e cobrar pelo serviço”, lembra Fonseca. O fato é que, a bordo das gigantescas manifestações de junho de 2013, as direitas enfim mostraram a sua cara. Ali, ficaram adultas e promoveram uma virada antes impensável: tomaram as ruas das esquerdas.

Bolsonaro não tinha nada a ver com isso. Os jovens das direitas – liberais, libertários, conservadores, radicais ou moderados – eram outro público. “Bolsonaro não era jovem, e sim um líder corporativo dos militares, há décadas na política, com um discurso de endurecimento contra o crime organizado”, diz Berlanza, do Instituto Liberal. Só que Bolsonaro soube capturar os corações de todas as direitas. Ganhou uma turma ao convocar Paulo Guedes e fazer de conta que era um liberal, conquistou outra com um discurso de intolerância à corrupção e encantou um vasto contingente com a mitologia do kit gay e seu combate à “ideologia de gênero”.

Na sua tese, Camila Rocha afirma que o kit gay foi o grande ponto de virada na carreira de Bolsonaro. Em 2011, os conservadores começaram uma campanha contra o Escola sem Homofobia. Distorcendo o programa petista, cujo objetivo era orientar os professores a lidarem com a diversidade sexual nas escolas, inventaram que era um manual para ensinar as crianças heterossexuais a virarem homossexuais. Bolsonaro, cuja votação até então girava em torno de 100 mil votos, embarcou no kit gay e quadruplicou seu eleitorado em 2014 ao ganhar o voto dos conservadores religiosos. Uma pesquisa do sociólogo Pablo Ortellado e do cientista de dados Marcio Moretto Ribeiro sobre as guerras culturais ajuda a entender como Bolsonaro uniu as direitas e tornou-se o presidente da República. 

A expressão “guerra cultural” se popularizou nos anos 1990, nos Estados Unidos, a partir de um livro do sociólogo James Hunter, da Universidade da Virgínia. Ela define as disputas que vão além dos temas econômicos e de políticas públicas, como feminismo, drogas, armas, aborto, direitos LGBTQIA+. “São os temas que polarizam a sociedade”, diz Pablo Ortellado, estudioso do assunto na USP. Para radiografar o eleitorado brasileiro em relação às guerras culturais, Ortellado e Marcio Moretto mapearam os temas mais polarizados na imprensa nos últimos vinte anos, fizeram 22 perguntas, entrevistaram eleitores de todas as faixas na cidade de São Paulo e jogaram tudo num computador, que tabulou as respostas e encontrou um padrão inesperado.

Havia os “progressistas”, mais liberais em relação a drogas, aborto e direitos sexuais, que normalmente votam em candidatos à esquerda. Havia, ainda, os “punitivistas”, que também são razoavelmente liberais nesses temas, mas preferem focar sua atenção no combate cerrado à corrupção e, em geral, tendem a escolher candidatos da direita ou da centro-direita – e uma parte dos “punitivistas” saiu às ruas nas manifestações de 2013 e votou em Bolsonaro na eleição de 2018. Os pesquisadores, por fim, encontraram um terceiro grupo, que batizaram de “conservadores religiosos”. Em relação às outras duas categorias, os “conservadores religiosos” são mais pobres, menos escolarizados e racialmente mais diversos.

É nessa turma que aparece a rejeição à “ideologia de gênero”, que se tornou alvo preferencial do discurso bolsonarista. Para esse eleitor, o kit gay foi uma revelação. “É um movimento surgido no interior das paróquias e dos cultos, entre católicos e evangélicos, e que até recentemente estava fora das ruas e das redes sociais”, diz Ortellado. Examinando os três estratos do eleitorado e suas posições, Ortellado concluiu: “A campanha de Bolsonaro se construiu em cima de duas mobilizações: anticorrupção e anti-ideologia de gênero. Ele unificou as duas coisas, que tinham origens diferentes, inclusive do ponto de vista social, como um discurso antielite. De um lado contra as elites políticas, de outro contra as elites sociais.”

Nesse panorama, no entanto, existe uma nuance. O grupo dos “progressistas”, quando responde sobre os temas da guerra cultural, gabarita o questionário, o que sugere que tem alta convicção sobre suas posições. Entre os “conservadores religiosos”, é diferente. Apesar da clara rejeição à “ideologia de gênero”, muito presente na pregação de líderes católicos e evangélicos, nem todos os integrantes desse público conservador condenam expressamente os gays. “Nós aplicamos os questionários aos católicos na procissão do Dia de Nossa Senhora Aparecida, e aos evangélicos na Marcha para Jesus”, diz Ortellado. “A Marcha para Jesus, por exemplo, tem participação muito grande da própria comunidade gay.” 

No fim de setembro, o Partido Novo brigou em público. A candidatura de Filipe Sabará a prefeito de São Paulo foi rechaçada por um manifesto interno do partido. Sabará saiu candidato depois de um processo seletivo que envolveu até uma empresa de consultoria, mas, como política não é igual à gerência de recursos humanos, deu-se o racha. No manifesto, montado em forma de PowerPoint, os desafetos do candidato apresentam dezoito slides sob o seguinte título: Por Que Filipe Sabará Não Pode Ser Candidato pelo Novo. No dia 23 de setembro, o partido anunciou que seu Comitê de Ética Partidária estava suspendendo temporariamente a candidatura.

Os motivos não foram revelados, mas certamente não ajudou a situação de Sabará a brutal “retificação” que fizera de sua declaração de rendimentos. Na primeira versão, ele informara que seu patrimônio era de 15 600 reais. Na segunda, mais de 5 milhões. Mas, para além dos problemas éticos, a candidatura já havia exposto um racha no Novo. Uma semana antes da suspensão da candidatura, Sabará deu uma entrevista ao canal de vídeo do programa Pânico, da Rádio Jovem Pan, na qual fez elogios ao ex-prefeito Paulo Maluf, uma lenda da direita quanto se trata de denúncias de corrupção. Na ocasião, João Amoêdo, que concorreu à Presidência da República pelo Novo em 2018, escreveu em suas redes sociais: “A citação de um político corrupto como exemplo de gestão é inadmissível. O ‘rouba mas faz’ fere frontalmente os valores e princípios do Novo.”

A maior divergência, no entanto, era mesmo em relação à postura entusiasmada do candidato em relação ao governo de Jair Bolsonaro. Para Sabará, o presidente se saiu muito bem no combate ao coronavírus, melhor que o governador de São Paulo, João Doria. Por razões eleitorais, ou afinidade ideológica, Sabará não esconde sua admiração por Bolsonaro. Corteja os eleitores do presidente e se apresenta como um político “direita raiz”. Ele atribui suas dificuldades dentro do Novo à perseguição por parte de João Amoêdo, a quem ele acusa, veja só, de integrar a “ala esquerdista” do partido.

Hoje, a legenda está dividida em duas facções. Ambas ganharam apelidos pejorativos. De um lado, está o PSL Personnalité, como é chamado o grupo dos que aderiram a Bolsonaro ou evitam críticas ao seu governo. De outro, está o Psol Laranja, como foram batizados os “novistas autênticos”, que se formaram na militância antipetista nas ruas e querem distância do governo. “O Novo ocupa um lugar ímpar entre os partidos brasileiros”, diz o urbanista Gabriel Rostey, que se identifica com a ala do Psol Laranja. “Somos a única sigla que não faz parte da base do Bolsonaro e, ao mesmo tempo, não se coloca como oposição clara ao governo. Isso depõe contra nós.”

Rostey, que entrou no Novo em 2016, acha que a legenda está caminhando para a cisão. Os filiados do PSL Personnalité “irão embora assim que a Aliança pelo Brasil sair”, diz ele, referindo-se ao partido que Bolsonaro tenta criar. “Não será só uma questão de apoiar ou não Bolsonaro. Existe uma ala que quer preservar os valores e a história do partido e outra que quer crescer a qualquer custo. Uma das duas terá que sair, pois seus métodos são incompatíveis. Resta saber qual delas.”

As divergências internas ficaram mais intensas quando Bolsonaro começou a contrariar as recomendações da Organização Mundial da Saúde na pandemia. Agravaram-se em seguida com a divulgação do vídeo da famigerada reunião ministerial de abril. Alexis Fonteyne, deputado federal pelo Novo em São Paulo, gostou do que viu no vídeo e chegou a ponto de elogiar o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pela sua notória frase de “passar a boiada”. Fonteyne vibrou nas redes sociais: “Perfeito!! A burocracia e o excesso de regulamentação é um atraso só, ambiente perfeito para os mal intensionados (sic). Tem que aproveitar este momento para fazer um fast track na simplificação.”

No sentido contrário, o deputado federal Tiago Mitraud, de Minas Gerais, escreveu em seu Twitter: “Bolsonaro segue sendo uma vergonha como presidente, e o vídeo reforça o péssimo líder que é.” Em seguida, mencionou o caso em que Bolsonaro clama por intervenção na Polícia Federal do Rio para proteger sua família: “Pode não ser a tal bala de prata, mas é no mínimo inocência acreditar na tese de que ele estava falando de sua segurança pessoal na reunião. E ainda há todos os demais elementos da investigação.” O vídeo colocou em lados opostos as duas principais lideranças do Novo: o governador de Minas, Romeu Zema, simpatizante do governo Bolsonaro, e o ex-presidenciável João Amoêdo, que já defendeu o impeachment do presidente.

Amoêdo acha que o Novo cometeu um erro ao dar “apoio crítico” a Bolsonaro. “Nossa prioridade eram as pautas importantes para o Brasil, como a reforma da Previdência, e víamos essa possibilidade ao ter no comando da economia um ministro alinhado com o que a gente pensa, e também um ministro da Justiça comprometido com o combate à corrupção”, diz. “Logo ficou claro, no entanto, que esse governo não tem capacidade de gerir o país ou tocar uma agenda liberal. Acho natural que a gente evolua de uma postura de independência para oposição. Essa falta de posicionamento é muito ruim.” Ao mudar de lado, Amoêdo já se tornou vítima da máquina de fake news do bolsonarismo. Foi tachado de comunista – “laranja por fora, vermelho por dentro” –, acusado de receber dinheiro do investidor George Soros e de financiar o movimento Sleeping Giants, um grupo de ativistas progressistas que pressionam empresas a retirar seus anúncios de sites que disseminam fake news.

Atualmente, Amoêdo considera que Bolsonaro faz mais mal do que bem às direitas brasileiras. “No momento em que uma gestão com bandeira liberal e de direita não entrega resultados, mostra que está mais comprometida com uma tentativa de reeleição do que em tocar um projeto. Essa gestão pode estar fortalecendo o PT”, diz. O deputado estadual Fábio Ostermann concorda. “Meu receio, sinceramente, é que Bolsonaro queime a nossa vez de promover o nosso ideário de forma mais íntegra e efetiva. Eu tenho esse temor real, da mesma maneira que parte da esquerda sente que o PT não a representa mais, por causa dos malfeitos. Temo que a agenda liberal seja comprometida e prejudicada por um fracasso, cada vez mais provável, do governo Bolsonaro em promover uma agenda reformista.”

Berlanza teme pelo naufrágio da “estratégia Jânio Quadros”, termo que ele próprio cunhou. “Estou vendo muita crítica. Na página do Liberalismo Brazuca, estão fazendo deboche e colocando o Bolsonaro ao lado do Sarney, devido ao apelo que o presidente tem feito ao controle de preços. Isso nada tem de liberal, e vem desestimulando os setores que ainda tinham alguma esperança no governo.” Se o ministro Paulo Guedes sair, “as peças do tabuleiro irão se mexer rapidamente”, diz ele, que não descarta a possibilidade de que a “estratégia Jânio Quadros” venha a se repetir, só que pelo avesso: em vez de o presidente renunciar ao cargo, a nova direita é que renunciará ao presidente.

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