O governo Jair Bolsonaro, em que pesem as evidências favoráveis à vacinação em massa contra o vírus da Covid-19, não descansa em investidas contra o uso do imunizante, das quais participam sabujos de todos os setores do Executivo.
Na visão delirante do mandatário, propalada em seu discurso na abertura da Assembleia-Geral da ONU, a exigência de comprovantes de vacinação em eventos e situações de aglomeração deve ser tratada como ofensa à liberdade individual, e não como medida sanitária para enfrentar a pandemia.
Tal campanha obscurantista produziu nos últimos dias duas portarias ministeriais. A primeira, do ministro Onyx Lorenzoni, do Trabalho, impede empresas de demitir ou deixar de contratar quem não queira tomar vacina. A vedação caiu nesta sexta (12) por decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal.
A segunda medida partiu da falange de gestores obtusos que ocupa cargos federais na área cultural. O secretário especial, Mario Frias, decidiu proibir os proponentes de projetos culturais com recursos viabilizados pela Lei Rouanet de adotar o chamado passaporte sanitário (a obrigatoriedade de atestado de vacinação) em eventos.
Quem descumprir a prescrição estará sujeito a multa e perda das verbas. No caso de o município ou o estado exigir o comprovante, o evento previsto terá de passar de presencial a virtual —para evitar, segundo a norma, a "discriminação entre vacinados e não vacinados".
Numa rede social, o secretário Frias afirmou que a proibição do passaporte da vacina "visa garantir que medidas autoritárias e discriminatórias não sejam financiadas com dinheiro público federal e violem os direitos mais básicos da nossa civilização".
Espantosa, a afirmação mereceu a costumeira bajulação pública dos colegas de camarilha. Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares, mostrou-se contente com o ataque ao que seriam "surtos ditatoriais higienistas nos estados e municípios".
Já o capitão da PM André Porciúncula, secretário de Incentivo e Fomento, elogiou a "lucidez" do embuste produzido pelo chefe.
São picuinhas que provavelmente terão pouco efeito concreto, dado que a ampla maioria da população brasileira ignorou a estupidez irresponsável do governo e aderiu à vacina. Evidencia-se, de todo modo, que a sabotagem às políticas sanitárias continua em curso.
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