Preparem-se para um festival de memes, todos autorreferentes, irônicos e principalmente debochados. Uma enxurrada de filmes curtos de marketing político, formato ideal para plataformas do tipo TikTok e Instagram. Uma avalanche de postagens no Facebook e Twitter, impulsos pagos para se manter em evidência nas redes. E, apesar da prometida vigilância do TSE, os disparos em massa, grande atração de 2018, estão dispostos a continuar a farra, mesmo que tenham de se mudar: sai o WhatApp, entra o Telegram.
Com os R$ 4,9 bi do fundo eleitoral, aprovados no Orçamento, a grana para os marqueteiros está garantida. Agora é reforçar a imagem com que cada candidato irá se apresentar, a melhor maneira de vender o velho peixe com as atuais táticas de convencimento, promessa e ilusão. Em caso de dúvida ou de crise na campanha, consultar um influencer digital.
Entre os presidenciáveis, Lula é o que tem a estratégia claramente definida. Para neutralizar o antipetismo e se garantir como único adversário capaz de derrotar Bolsonaro, ele é hoje um homem de centro-esquerda, mais de centro que de esquerda, aquém do Lulinha Paz e Amor. Mostrando-se à vontade com os novos tempos, outro dia tuitou uma imagem dele mesmo segurando um sabre de luz. E eu que pensava que o Jedi era o Sergio Moro...
Ao lado de Moro, há gente demais querendo ajudar --setores das Forças Armadas, do mercado financeiro, da imprensa--, mas que acabam atrapalhando. Ele dá a impressão de fazer qualquer coisa que lhe mandam fazer, até tirar uma foto num fliperama, na esperança de se aproximar e roubar votos de Lula e de Bolsonaro, o antigo chefe. Para o ideal de ser um Carlos Lacerda, falta-lhe bem mais que oratória.
Com ou sem mentira no Telegram, uma coisa é certa: Bolsonaro será Bolsonaro. Como sempre foi, aliás. A diferença é que quatro anos terão se passado e, nesse ínterim, o mito está se esfarelando.
Alvaro Costa e Silva -Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".
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