As repórteres Camila Zarur e Jussara Soares perguntaram a Ciro Gomes (PDT), candidato pela quarta e última vez a presidente da República:
“Em um eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro, em quem o senhor votaria?”
Ele respondeu: “No Ciro Gomes.”
Elas insistiram:
“Nem cogita essa hipótese?”
Ciro poderia ter respondido que não, encerrando o assunto. Mas seria pouco para ele. Então, disse:
“Nenhuma hipótese. “Remember” 2018.
Ciro ficou de fora do segundo turno de 2018 porque no primeiro só obteve 12,5% dos votos, contra 29% de Fernando Haddad (PT) e 46% de Jair Bolsonaro (PSL). O que ele fez em seguida? Viajou a Paris e negou apoio a Haddad.
A não ser que mude de opinião, Ciro repetirá a dose este ano caso Lula e Bolsonaro se enfrentem no segundo turno. É o que deverá acontecer, segundo as pesquisas de intenção de voto. Ciro aparece em terceiro lugar, empatado com Sergio Moro (PODEMOS).
Há 4 anos, Ciro apostou que a Justiça impediria Lula de ser candidato (acertou), e que ele seria o candidato da esquerda contra Bolsonaro no segundo turno (errou). Culpa Lula por não ter sido. Não o perdoa por ter indicado Haddad no seu lugar.
Embora o Supremo Tribunal Federal tenha anulado as condenações de Lula e declarado Moro um juiz parcial, Ciro imaginou que Lula não se candidataria outra vez a presidente. Errou. Hoje, no Ceará, estado de Ciro, Lula o derrotaria com folga.
Ciro é um poço até aqui de mágoa com Lula e o PT. Sente-se também rejeitado pelas “elites” do país que não compartilham suas ideias e temem seu temperamento explosivo. Agora, apresenta-se como “rebelde”, portador de esperanças. E tenta ir em frente.
Diz que o PDT está com ele e não abre. Há um grupo numeroso de deputados do PDT contra sua candidatura por não acreditar em suas chances. Ciro vê o PT cearense oferecer apoio ao candidato do PDT ao governo em troca de apoio a Lula no segundo turno.
É uma parada indigesta para ele, convenhamos. É um sonho acalentado por muitas décadas que poderá se desmanchar. Mas Ciro sempre terá Paris como consolo.
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