Realizado no domingo (29), o primeiro turno do pleito que escolherá o novo presidente da Colômbia foi marcado pela rejeição, por parte expressiva dos eleitorado, do establishment político que vem governando o país nas últimas décadas.
Trata-se de um desfecho que não chega a surpreender. O descrédito dos partidos tradicionais e a crescente insatisfação popular, acentuadas durante a pandemia, tornaram-se patentes no ano passado, quando imensos protestos disparados por uma proposta de reforma tributária incendiaram diversas cidades colombianas.
Direcionado agora às urnas, esse anseio por mudanças deu ao ex-guerrilheiro Gustavo Petro a liderança na corrida eleitoral. Com cerca de 40% dos votos, ele confirmou as expectativas e agora busca tornar-se o primeiro presidente esquerdista do país.
A surpresa ficou por conta de seu contendor, o populista Rodolfo Hernández, que, numa ascensão vertiginosa, desbancou nos últimos dias o candidato da direita tradicional, logrando 28% dos sufrágios.
Embora os dois candidatos representem um voto de repúdio à política tradicional colombiana, a trajetória e as ideias de ambos não poderiam ser mais diferentes.
Disputando a Presidência pela terceira vez, Petro integrou o grupo rebelde M-19, que depôs as armas em 1990. Percorreu desde então uma carreira política exitosa, tendo sido eleito senador e prefeito da capital do país, Bogotá.
Suas principais propostas estão em torno de uma reforma econômica, incluindo a renegociação de tratados de livre comércio e investimento na economia verde. Ele promete também acelerar a implantação do acordo que resultou no fim das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.
Hernández, por sua vez, é um rico empresário que já governou a cidade de Bucaramanga. Tendo como plataforma básica acabar com a corrupção na política, o populista fez uma campanha centrada em bordões disseminados pelas redes sociais —e não à toa é comparado a Jair Bolsonaro e Donald Trump.
Numa eleição considerada a mais tensa das últimas décadas, marcada por episódios de violência e ameaças de morte contra candidatos, analistas preveem uma disputa renhida nas próximas três semanas, com as forças à direita se aglutinando em torno de Hernández.
O cenário prenuncia desafios para a governabilidade, qualquer que seja o vencedor do pleito.
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