O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, afirmou ontem ao canal Rede Vida que pessoas que vivem na linha da pobreza foram acostumadas a não aprenderem uma profissão.
"Tirar as pessoas da linha da pobreza é um trabalho gigantesco, são pessoas que foram ao longo dos anos acostumadas a não se preocupar, ou o Estado negar uma forma de ela aprender uma profissão. Nós pensamos e trabalhamos de forma diferente." Jair Bolsonaro.
Logo em seguida, porém, ele disse que não são todas as ocupações que necessitam de estudo. "Por exemplo, você quer vender uma carrocinha de cachorro-quente na praça. Você não tem que ter estudo para isso, com todo o respeito. Você tem que entrar com o pedido de alvará e a prefeitura conceder", falou.
Na mesma entrevista, ele também subestimou o número de pessoas passando fome no país. "O outro candidato foi em Santa Catarina e disse que lá tinham 500 mil pessoas passando fome. Tem gente passando fome? Tem, mas não nesse número todo", afirmou.
Dados do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil apontaram que 33,1 milhões de brasileiros vivem em algum grau de insegurança alimentar — quando a pessoa não tem acesso regular a alimentos de qualidade em todas as refeições.
De acordo com o levantamento, em Santa Catarina, são 558 mil pessoas com insegurança alimentar moderada, que significa que alguns membros da família não estão fazendo todas as refeições diárias para economizar. "É o quadro da mãe que deixa de comer para alimentar os filhos, ou da pessoa que não consegue cozinhar por não ter acesso ao gás de cozinha", explicou Maitê Gauto, gerente da ONG Oxfam Brasil, em entrevista a Ecoa.
No último domingo (18), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), principal adversário de Bolsonaro na disputa para a Presidência, participou de um comício em Florianópolis, em que disse que "muita gente nesse estado fala que Santa Catarina não tem fome, mas tem pelo menos 500 mil pessoas passando fome".
'Terei dobro da votação que tive no Nordeste'
O presidente também disse acreditar que terá nessas eleições o dobro da votação que teve no passado na região Nordeste do país. Pesquisa do instituto Datafolha divulgada na última quinta-feira (15) mostrou Lula com 59% das intenções de voto no Nordeste, contra 22% de Bolsonaro.
"Eu tenho certeza que, no mínimo, terei o dobro da votação que tive no passado no Nordeste, em alguns lugares, até com chance de ganhar. De onde vem isso? Primeiro, de tratá-los com dignidade, como irmãos de verdade, levar a verdade para eles", declarou.
Ele também disse que seu apoio a pautas conservadoras também deve impulsionar o voto na região. "Temos posição contrária a outro nordestino que disputa as eleições, que já foi presidente por oito anos no Brasil, na questão de aborto, ideologia de gênero, uma coisa que pega pesado no Nordeste. Eles são muito mais conservadores que o restante do Brasil", afirmou.
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