Nem o maior estelionato eleitoral no Brasil em tempos democráticos, com uma penca de medidas pra comprar votos na população mais pobre e em categorias como caminhoneiros e taxistas, conseguiu alavancar a candidatura de Jair Bolsonaro. Sua rejeição só cresce. A pesquisa do IPEC ( ex-Ibope) divulgada na noite dessa segunda-feira (19) mostra que se a eleição fosse hoje Lula alcançaria 52% dos votos válidos, o que asseguraria sua vitória no primeiro turno.
Os seguidos tiros no próprio pé de Bolsonaro, como insinuar, em discurso na sacada da residência do embaixador do Brasil na Inglaterra, que só não vence no primeiro turno se houver mutreta na Justiça Eleitoral, soa como mais um delírio golpista.
A pesquisa do IPEC mostra, também, que diante desse cenário de maluquices, eleitores que pretendiam votar em Ciro Gomes e Simone Tebet podem reavaliar seus votos. Há entre eleitores da chamada terceira via receio de que o confronto entre Lula e Bolsonaro no segundo turno possa desarranjar ainda mais o país, em que a trupe bolsonarista contesta a democracia, as instituições republicanas e claramente prega algum tipo de virada de mesa.
Diferente dessa marcha de insensatez, Lula faz gestos de pacificação. Sua foto com 8 ex-candidatos à Presidência da República com Henrique Meirelles e ex-aliados que se tornaram desafetos nos últimos anos, como Marina Silva e Cristovam Buarque, é um trunfo perante eleitores que resistem a votar no candidato do PT.
O barata voa na campanha de Bolsonaro turbina a eleição de Lula no primeiro turno. Nessa segunda-feira, enquanto Henrique Meirelles, queridinho da Faria Lima e dos investidores internacionais, dava aval a Lula, em entrevista a rádio Guaíba o ministro Paulo Guedes detonava a diretoria do Banco Central, até tida com a criação do PIX e responsabilidade fiscal como trunfo eleitoral
O maior problema para Bolsonaro é o artificialismo de sua campanha. Desde o anúncio de medidas em que ele claramente não acredita até o uso da Michelle Bolsonaro para tentar reverter a rejeição entre as mulheres, inclusive as evangélicas, que posa de princesa com maquiador a tiracolo no funeral da rainha da Inglaterra. Um fiasco. Na pesquisa do IPEC, Lula ganhou 2 pontos entre as mulheres e Bolsonaro perdeu 1.
Hoje é dia de Bolsonaro Nova York. Vai ter um palanque privilegiado: o discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, como manda a tradição desde o craque Oswaldo Aranha que a presidiu entre 1947 e 1948. A expectativa é de que, a exemplo de Dilma Rousseff em 2014, faça um discurso eleitoral. Depois do espetáculo de mau gosto em Londres, tem tudo a ver.
Nas redes sociais, a bolha bolsonarista comemora tudo como vitória. Dizem, por exemplo, que a família real britânica deu mais atenção pra Bolsonaro do que para o presidente americano Joe Biden. Enquanto seguem nesse mundo de fantasia, Lula tenta vencer logo no primeiro turno. Como definiu Henrique Meirelles, depois de manifestar seu apoio, a retórica até ilude, mas o que importa são os fatos.
A ironia é que a derradeira oportunidade de Bolsonaro e outros presidenciáveis barrarem a vitória de Lula no primeiro turno pode ser o debate na TV Globo em 29 de setembro. Quem diria ser a Globo a última esperança de Bolsonaro.
A conferir.
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