O Brasil se armou durante o governo de Jair Bolsonaro. Desde 2019, o país registrou mais importações de revólveres e pistolas do que nos governos de todos os outros presidentes desde 1997. Foram importadas 441,3 mil armas desse tipo nos últimos três anos, contra 120,4 mil nos 21 anos anteriores. Mais um recorde foi batido em julho e agosto deste ano: o Brasil importou nos dois meses tantos revólveres e pistolas quanto nos anos de 2018 e 2019 somados. É um mercado que cada vez mais foge ao controle do governo: a venda de cartuchos de munição para entes privados cresceu 47% nos últimos três anos. O aumento do número de armas na mão de civis é um fenômeno que se faz notar desde o primeiro ano de Bolsonaro, e que se acelerou a partir de 2020. O =igualdades desta semana mostra o quanto os brasileiros estão se armando.
De 1997 a 2018, o Brasil importou 120,4 mil revólveres e pistolas. Com Bolsonaro, o número quase quadruplicou em apenas três anos e meio: foram 441 mil importações entre janeiro de 2019 e agosto deste ano. Os números, ano por ano, foram: 54,7 mil revólveres e pistolas em 2019; 105,9 mil em 2020; 119,1 mil em 2021 e 161,6 mil em 2022 (até agosto).
Em julho de 2022, o Brasil registrou seu recorde mensal de importação de revólveres e pistolas. Mais de 40 mil novas armas foram compradas do exterior – quantidade que se manteve em agosto. Nos últimos dois meses, o país importou tantos revólveres e pistolas quanto nos anos de 2018 e 2019 somados.
Em julho e agosto deste ano, cerca de R$ 150 milhões foram desembolsados por importadores e empresas para adquirir revólveres e pistolas. Considerando o valor atual da cesta básica da cidade do Rio de Janeiro (R$ 717,82), o dinheiro gasto com as armas abasteceria três favelas da Rocinha – cerca de 211 mil cestas.
A Áustria é a principal exportadora de pistolas e revólveres para o Brasil: a cada dez armas desse tipo importadas por aqui, quatro vieram de lá. Das 441,3 mil novas importações registradas durante o governo Bolsonaro, 190,1 mil são austríacas. A Itália está na segunda colocação, com 71,6 mil armas. Depois vem a Eslováquia, com 67,2 mil.
As munições cada vez mais fogem do controle do governo: nos últimos três anos, a venda de cartuchos para entes privados – atiradores esportivos, caçadores, clubes de tiro e empresas de segurança privada – teve um aumento de 47%. No ano de 2018, 33 milhões de cartuchos de munição foram vendidos no mercado nacional. Em 2021, esse número chegou a 48,6 milhões.
No primeiro semestre deste ano, cerca de 245,5 mil novas armas obtiveram registro no Brasil – uma média de 1,3 mil por dia. De janeiro a junho de 2022, 177 mil foram adquiridas por Caçadores, Atiradores e Colecionadores (CACs), e outras 68 mil por pessoas físicas na Polícia Federal.
Desde o ano de 2018, o registro de armas na Amazônia Legal cresceu mais que a média brasileira. Há quatro anos, 57,7 mil novas armas obtiveram registro na região. Em 2021, o número chegou a 184,2 mil – aumento de 219%. No mesmo período, a quantidade de armas no Brasil como um todo passou de 697 mil para 1,6 milhões – crescimento de 130%.
Fontes: Comex Stat do Ministério da Economia; DIEESE; IBGE; FBSP; Comando do Exército; Polícia Federal; Instituto Igarapé;
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