Livro enumera mega-ameaças à nossa espreita
Se você ficou patologicamente animado com o fim do governo Bolsonaro e a chegada de uma administração não extremista, um bom antídoto literário é "Megathreats" (mega-ameaças), de Nouriel Roubini.
Ainda que tenhamos escapado por um triz (1,8 ponto percentual dos votos) do pior, o Brasil é só um pedaço não muito importante de um mundo bastante interconectado que está, na visão do autor, profundamente encrencado.
Nos dez primeiros capítulos, Roubini identifica dez problemas e mostra por que são mega-ameaças. No caso de vários deles, como mudança climática, crises de endividamento, estagflação, guerra fria EUA-China, os perigos são mais ou menos autoevidentes, o que não impede Roubini de descrever, com riqueza de detalhes, algumas das piores implicações.
Há itens, como o avanço da inteligência artificial, a desglobalização e a redução das taxas de natalidade, que muitos aplaudiriam, mas o autor mostra que eles podem ter efeitos bastante perversos sobre a organização econômica e a vida das pessoas.
Se você está começando a sentir-se deprimido, ainda não viu nada. Roubini reserva o penúltimo capítulo para mostrar como cada uma dessas ameaças pode alimentar outra, formando círculos viciosos que nos levariam à miséria. Numa espécie de concessão ao otimismo arrancada a fórceps, ele afirma, no último capítulo, que, se formos extremamente competentes no gerenciamento desses problemas —uma hipótese que ele considera remota—, o desastre que nos aguarda nos próximos anos será apenas moderado.
Roubini, para quem não conhece, é provavelmente o mais pessimista dos economistas em atividade. Seu apelido é Dr. Doom (apocalipse). O problema é que, de vez em quando, suas previsões se confirmam, como foi o caso da crise financeira de 2008. E pessimistas não precisam estar certos mais do que 10% das vezes para que já valha a pena ouvir o que eles têm a dizer.
Feliz Ano Novo a todos.
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