domingo, 9 de abril de 2023

QUE O AMOR VENÇA O ÓDIO

Claudia Abreu, OS DIVERGENTES

Com 14 anos entrei para um grupo jovem da igreja católica que se chamava Juventude Organizada com Amor – JOCA. Por ali fiquei por uns 4 ou 5 anos.

Aprendi muitas coisas no JOCA. Aprofundei meus conhecimentos sobre a religião, tive inesquecíveis experiências de fé, fiz grandes e eternos amigos, e, como ninguém é de ferro, naquele ambiente tive meus primeiros namorados.

Eu vivia na igreja, ia muitos vezes na semana além do sábado, dia da reunião, e do domingo, dia da missa dos jovens. Participava de outros grupos e atividades, sempre que possível. Foi um tempo feliz da minha vida.

No JOCA conheci e estreitei laço forte de amizade com Robson Graia, que viria a se destacar nas artes cênicas de Brasília, dando nome a uma das salas de teatro do Espaço Renato Russo. Tenho orgulho de ter participado de suas primeiras peças “Grande circular: via inferno e céu” e “Filhos do mesmo instante”, cujos textos tenho vontade de reler e, quem sabe, adaptar para os dias de hoje.

Tenho as melhores lembranças de nossos ensaios no teatro nacional, de nossas andanças pelo eixão de madrugada cantando e dançando e de nossas performances na rodoviária e no Grande circular na volta para casa. Ele dizia que iria morrer cedo e assim aconteceu, nos deixou aos 35 anos.

No grupo jovem tive também minha primeira experiência como professora. Fui catequista de algumas turmas de crianças que se preparavam para a Primeira Comunhão.

Todas essas memórias acordaram comigo no sábado de aleluia. Lembrei muito de como celebrávamos a Páscoa.

Procurava mostrar às crianças o significado de todos os símbolos.

Na Páscoa os cristãos celebram a ressurreição de Cristo, sua vitória sobre a morte.

Páscoa representa transformação. Transformação da morte em vida, do ódio em amor, da tristeza em alegria, da dor em esperança. O coelho e os ovos simbolizam fertilidade e renovação. Eles nos lembram que a vida pode e deve ser abundante.

Nesses tempos de ódio e violência extrema, em que ainda sofremos pelo assassinato brutal de crianças em Blumenau, a simbologia da Páscoa talvez nos ajude a acreditar que dias melhores virão, que é possível ter esperança.

A liturgia de hoje nos lembra que o bem triunfará sobre o mal. Que a paz vencerá a guerra. Que os tempos de ódio cessarão.

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