Otimismo do ministro Padilha contrasta com o realismo voraz das onças do Congresso
O ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) aparece em público sempre muito alegre e otimista. Diz que está tudo ótimo mesmo quando está tudo péssimo. Exibe sorriso permanente, faz piada com as dificuldades que enfrenta na cadeira a partir da qual busca domar as onças vizinhas na praça dos Três Poderes. Pois é, em determinadas situações, só rindo. Ou chorando.
Nesta semana, acossado em pleno Palácio do Planalto por parlamentares com cobrança para entrega de lotes na Funasa, levou o constrangimento meio à brinca, meio à vera: "Vocês não imaginam o que fazem comigo a portas fechadas".
A julgar pelo que dizem a portas abertas, é possível, sim, imaginar. No cerco a Padilha no "after" de cerimônia oficial, suas altezas felinas foram bastante explícitas na ameaça de derrubar a ministra da Saúde caso não tivessem seus apetites saciados. Isso uma semana depois de o presidente da Câmara proclamar-se dono da Caixa Econômica Federal e de suas 12 vice-presidências.
De natureza menos risonha que a de Padilha, o presidente Luiz Inácio da Silva revidou o tiro em sua autoridade dando por temporariamente suspenso o "acordo" aludido por Arthur Lira. Até quando, porém?
Para Lula, o tempo não tem sido senhor da razão. Levou quase três meses para tomar uma decisão improdutiva e paga com o preço alto da demissão de Ana Moser da pasta do Esporte. A entrega de ministérios ao PP e ao Republicanos não assegura votos nem cessa a pressão por cargos que garantem verbas.
Não é o assento do ministro que sustenta apoios no Congresso, mas o que os ministérios podem fazer por deputados e senadores dos respectivos partidos. Isso vimos agora na breve revolta da obstrução arruaceira em resposta ao que o centrão vê como aliança do Executivo com os "progressismos" do Supremo.
No papel, a base parlamentar foi ampliada. Na prática, contudo, como ensina o lugar-comum, a teoria é outra. É cada um por si, e o Orçamento por todos.
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