Até Arthur Lira sonha em se candidatar a presidente
Numa crônica antiga, Carlos Drummond de Andrade notou que cada vez mais o ano se compõe de dez meses; os dois restantes são dedicados ao Natal. "É possível que, com o tempo, essa divisão se inverta: dez meses de Natal e dois meses de ano vulgarmente dito", previu o poeta. Sem descrédito para a presença entre nós do Papai Noel (que, aliás, já anda de trenó por aí, morrendo de calor dentro da roupa vermelha), quem domina o calendário, hoje, são as eleições.
Os partidos articulam no Congresso um aumento inédito no fundo que bancará a campanha municipal do ano que vem. É um embrulhão, com papel colorido e fita crepom: o valor fica entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões. Os recursos seriam retirados da Justiça Eleitoral (que não consegue coibir irregularidades nos pleitos) ou das emendas de bancada no Orçamento.
De olho na gastança, o PL de Valdemar Costa Neto avalia lançar candidato a prefeito em 3.000 municípios, usando Michelle e Jair Bolsonaro como cabos eleitorais. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, está a favor de elevar o fundo. O presidente do PP, Ciro Nogueira, também. Quando o assunto é avançar no dinheiro público, existe harmonia.
Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco quer concorrer ao governo de Minas em 2026. Sua campanha começou com a mudança de postura em relação ao Supremo, do qual passou a ser adversário –ao menos publicamente, como quem joga em função da torcida. Atacar ministros do STF é a pauta que mais mobiliza a direita nas redes.
Após abocanhar a Caixa e provar que a chantagem do centrão atua com igual força não importando o chefe do Executivo, Lula ou Bolsonaro, Arthur Lira se empolgou. Resolveu testar seu nome em pesquisas para o cargo de presidente –um segredo que acabou vazando. Lira virou chacota até entre aliados e rapidamente voltou aos velhos planos: candidatar-se ao Senado por Alagoas e botar a boiada na sombra.
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