Prudência fiscal será crucial para queda dos juros, confiança e avanço do PIB
O Banco Central baixou sua taxa de juros, a Selic, de 11,75% para 11,25% ao ano. Era o previsto, assim como não houve surpresa no texto levemente otimista sobre a decisão. Permanece, porém, a incerteza a respeito da redução das taxas nos países centrais, em especial nos EUA, o que tem relevância para a evolução no Brasil.
A grande incógnita, com implicações decisivas para a política doméstica, é a dimensão da desaceleração econômica esperada neste ano de eleições municipais —e como ela será superada.
Nos cálculos do BC, o IPCA cairá a 3,5% neste 2024 e 3,2% em 2025, quase na meta oficial de 3%. Tais resultados, dignos de celebração, seriam obtidos em consonância com um crescimento esperado do Produto Interno Bruto de 1,7% neste ano, abaixo da expectativa do Ministério da Fazenda (2,2%).
Em qualquer hipótese, trata-se de uma freada em relação aos dois últimos anos, quando o avanço ficou em torno de 3%. Mais do que isso, há incerteza quanto às possibilidades de a Selic cair abaixo do patamar de 9% anuais.
Tal panorama, ao que se noticia, gera inquietação em Brasília, dados os índices pouco confortáveis de popularidade de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O risco é que a ansiedade leve a decisões imprudentes na gestão da economia.
Ressalve-se que os resultados do PIB e do mercado de trabalho têm superado as expectativas, como mostram números do IBGE —o desemprego caiu de 7,9% para 7,4% ao longo do ano passado, considerando o último trimestre do ano.
A massa salarial ainda crescia a 4,5% ao ano, em dezembro; o rendimento médio efetivo do trabalho subiu 2,6%, também em termos reais; o número de ocupados aumentou 1,6% em um ano. O trabalho e a ampliação dos benefícios sociais sustentaram a alta do consumo das famílias.
Ainda que a renda de benefícios sociais vá crescer apenas fração pequena do verificado em 2023, não há sinais de retração no emprego. Com endividamento e juros menores, o crédito às famílias deve ter impacto maior. Já a agropecuária não deve colaborar para o aumento do PIB deste ano, nem a queda da inflação contribuirá tanto para elevar a renda real.
Será fundamental, nesse contexto, a evolução dos investimentos privados, que diminuíram de modo alarmante no ano passado. Igualmente, o país depende de que se confirme a redução dos juros e a solidez da atividade nos EUA.
O perigo maior está na definição da política de controle dos gastos do Orçamento federal. Uma estratégia prudente vai contribuir para a queda de juros no mercado, a consolidação da confiança empresarial e o aumento do PIB.
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