Após mau desempenho na terça, ex-presidente anuncia fuga de debates nos EUA
Donald Trump acusou o golpe. O republicano avisou ontem que não participará mais de nenhum debate na corrida à Casa Branca. O anúncio mostra que nem ele acredita ter vencido o duelo com Kamala Harris, na terça-feira.
O encontro promovido pela ABC foi o primeiro — e pelo visto o único — a botar a dupla frente a frente. O saldo foi melhor para a democrata, que conseguiu pôr o republicano no córner.
Kamala dominou a cena desde a entrada no estúdio, quando caminhou em direção ao oponente e forçou um aperto de mão. Trump pareceu desconcertado. O incômodo se repetiria outras vezes ao longo da noite.
O magnata se preparou para enfrentar um rival desacreditado, que perdeu vigor físico e mental diante dos eleitores. Esse cenário desapareceu com a desistência do atual presidente em favor da vice. No debate de junho, Joe Biden fez Trump parecer um sujeito firme. No debate de terça, Kamala fez Trump parecer Trump.
A democrata expôs o ex-presidente como ele é: ególatra, mentiroso e viciado em teorias da conspiração. O republicano tentou convencer a audiência que uma vitória da adversária causaria a Terceira Guerra Mundial. Em outra passagem, disse que imigrantes estariam se alimentando de cachorros e gatos de famílias indefesas em Springfield — a de Ohio, não a dos Simpsons.
Trump ainda apelou ao velho fantasma do comunismo. Disse que Kamala seria “marxista”. O Partido Democrata pode ser acusado de muitas coisas, menos de defender a socialização dos meios de produção.
Enquanto o ex-presidente tentava ressuscitar a Guerra Fria, a vice de Biden buscou se apresentar como novidade. “Estou oferecendo uma nova geração de liderança ao nosso país”, afirmou, depois de convidar o eleitorado a “virar a página”.
Kamala derrapou em temas internacionais, como a retirada desastrosa do Afeganistão, mas foi beneficiada pelo mau desempenho do rival. Ela conseguiu sobressair até em silêncio. Com a tela dividida, fez caras e bocas para debochar dos delírios de Trump.
Debates de TV não determinam o resultado de eleições, mas ainda têm sua força. Numa disputa apertada como a de 2024, podem fazer diferença na batalha pelos indecisos. Isso explica por que Trump não quer voltar ao ringue.
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