Morre o ex-presidente do Peru Alberto Fujimori
Fujimori, que governou o Peru por uma década
em uma das gestões mais polêmicas da América Latina, tratava um câncer na
língua. Ele foi condenado em 2009 a 25 anos de prisão por crimes contra a
humanidade e era acusado de corrupção e abusos dos direitos humanos. Mas foi
solto em 2023 por um habeas corpus.
O ex-presidente
do Peru Alberto Fujimori,
que governou o país durante uma década, morreu nesta quarta-feira (11) aos 86
anos. A morte foi confirmada pela sua filha, Keiko Fujimori.
"Após uma longa
batalha contra o câncer, nosso pai, Alberto Fujimori, acaba de partir para o
encontro com o Senhor. Pedimos àqueles que o estimaram que nos acompanhem com
uma oração pelo descanso eterno de sua alma. Obrigado por tudo, papai",
disse a filha em comunicado assinado pelos quatro filhos do ex-presidente.
Fujimori, que foi
preso duas vezes por crimes contra a humanidade, deu um autogolpe e fugiu do
país após acusações de corrupção e até de mentir sobre sua nacionalidade,
estava internado em Lima em estado grave. Leia
mais sobre quem foi Alberto Fujimori.
Horas antes da
confirmação da morte, o médico pessoal do ex-presidente, Alejandro Aguinaga,
disse a repórteres que Fujimori estava “lutando pela vida” e pediu que
respeitassem a privacidade da família. Segundo informações, o político se encontrava
em uma "situação delicada" de saúde há uma semana
A morte ocorreu na
casa da filha, Keiko, no bairro de San Borja, em Lima, onde ele recebia
tratamento médico constante. Fujimori foi morar no local após ter saído da
cadeia, em dezembro de 2023. Diversos familiares do ex-presidente visitaram a
casa nesta quarta.
De acordo com uma
porta-voz, que foi à porta da frente da casa falar com repórteres, o
velório do ex-presidente será a partir desta quinta-feira (12). A
mulher, que não foi identificada, disse também que a família está tranquila,
mas não deu mais detalhes.
Segundo a mídia
local, o Governo peruano prestará honras de Estado a Fujimori, "seguindo
estritamente os protocolos estabelecidos pela chancelaria".
A última vez que
Fujimori foi visto publicamente foi em 4 de setembro, saindo de cadeira de
rodas de um hospital privado.
Em
maio, Fujimori revelou que havia sido detectado um tumor maligno em sua língua. Em
2018, Fujimori disse também que tinha um tumor no pulmão. Ele deixa quatro
filhos e cinco netos.
Um dos líderes mais
polêmicos da história recente da América Latina, Fujimori governou o Peru entre
1990, quando derrotou Mario Vargas Llosa nas urnas, e 2000. No início do
governo, impressionou apoiadores e críticos por ter controlado a hiperinflação
do país e pela luta contra a criminalidade. Mas logo surgiram denúncias de que
ele ordenou massacres como parte de sua política de combate ao crime
organizado, além de violações graves de direitos humanos, seguidas de suspeita
de corrupção.
Apenas dois anos
depois de chegar ao poder, em 1992, Fujimori aplicou um autogolpe, fechando o
Congresso. Nos anos seguintes, foram emergindo denúncias de violações dos
direitos humanos, abuso de poder, corrupção e até de que ele teria mentido à
população sobre sua nacionalidade — a oposição afirmou que ele, na verdade,
nasceu no Japão, mas adulterou sua certidão de nascimento para poder concorrer
à presidência no Peru.
Diante da chuva de
denúncias, o ex-presidente deixou o país em segredo. Ele fugiu para o Japão,
onde seus pais nasceram, e, de lá, enviou um fax com um pedido de
renúncia. Ficou em autoexilio por sete anos, mas foi preso durante uma
visita ao Chile e extraditado de volta ao Peru. Em 2009, foi condenado pela
morte de 25 civis durante dois massacres executados pelo Exército peruano.
Após um julgamento
que parou o Peru, o ex-presidente foi preso, mas, em
dezembro de 2023, teve a condenação revogada. Ele havia sido solto em 2017
por uma concessão de perdão por parte do governo, mas a Corte Interamericana de
Justiça revogou o perdão, e ele voltou a ser preso.
No ano passado,
porém, o Tribunal Constitucional deu decisão favorável a um habeas corpus, e
ele deixou o presídio em que estava, em Lima. Fujimori cumpria pena de 25 anos
de prisão.
Neste ano, ele chegou
a anunciar que planejava voltar a concorrer às eleições do país. Sua filha,
Keiko Fujimori, também se candidatou três vezes à presidência, mas perdeu em
todas elas. A última foi em 2021, quando foi derrotada pelo esquerdista Pedro
Castillo.
Keiko também já foi
presa, de forma preventiva, como parte de uma investigação por suspeita de
corrupção envolvendo a brasileira Odebrecht. Ela nega as acusações, mas foi
proibida de deixar o país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário