Num mundo hiper-racional, o mais vantajoso seria não sair
de casa, mas não vivemos num mundo hiper-racional
Como o eleitor racional deve agir neste
domingo (27)? Se o Brasil adotasse o voto facultativo, a resposta seria
simples: não votar. Mas, como por aqui o comparecimento é em tese obrigatório,
é necessário fazer uma conta antes de chegar a uma conclusão.
Se os seus custos com transporte mais o preço que você
atribui a seu tempo excederem R$
3,51 (valor da multa por turno perdido), fique em casa ou vá passear e
depois regularize sua situação com a Justiça
Eleitoral. Dá para fazer tudo pela internet, em tempo inferior ao que você
levaria para votar.
Como imagino que existam leitores
revoltados com este "conselho", eu me explico. Não estou sugerindo
que a política não seja importante nem que todos os candidatos se equivalham.
Ela é importantíssima e perfil ideológico e características individuais dos
eleitos fazem diferença. O que não faz é o seu voto.
A menos que você more numa cidade muito pequena onde a
disputa seja acirradíssima, é desprezível a probabilidade de o seu voto
individual alterar o resultado. Quem quiser maximizar sua utilidade, uma
definição comum de racionalidade, deve empregar seus recursos em outras
atividades.
A questão é que, para o bem e para o mal, não vivemos num
mundo hiper-racional. Se vivêssemos, não haveria tanto desperdício, o que
permitiria resolver o problema da fome. Também não cairíamos em armadilhas do
tipo "tragédia dos comuns", o que facilitaria o enfrentamento da
mudança climática. O próprio populismo não teria espaço para prosperar, já que
as pessoas fariam contas antes de acreditar em promessas vazias.
Por outro lado, num mundo 100% racional, ninguém daria
gorjeta num restaurante a que não pretende voltar e esposas abandonariam seus
maridos doentes para ficar com um parceiro saudável. Sob o primado da utilidade
máxima, sempre vale a pena roubar a carteira do melhor amigo, se tivermos
garantia de não ser apanhados.
Mas divago. Meu ponto é mais simples. Como é zero a chance
de ninguém aparecer para votar, não há necessidade de instituições autoritárias
como o voto
obrigatório.
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