"Show do Milhão" para eleitores de Trump é versão moderna da velha compra de votos
O homem mais rico do mundo quer comprar a Casa Branca. Elon Musk pôs sua
fortuna a serviço de Donald Trump. Para ajudar o republicano a voltar ao poder,
seduz eleitores com cheques de US$ 1 milhão.
O bilionário já havia roubado a cena ao dançar no alto do palanque do
ex-presidente na Pensilvânia. Agora oferece dinheiro a quem assinar uma carta
em defesa de suas bandeiras, como o direito a andar armado.
Os sorteios diários são dirigidos a eleitores de estados-chave que vão
decidir o duelo entre Trump e Kamala Harris. Numa disputa tão acirrada, a
promessa de enriquecimento instantâneo pode fazer a diferença.
O Show do Milhão de Musk é uma versão moderna e
espetacularizada da velha compra de votos. No Brasil, a prática seria
tipificada como crime eleitoral. Nos Estados Unidos, parece ser vista como mais
uma excentricidade do dono da Tesla e da SpaceX.
Musk não é só um empresário disposto a abrir a carteira para financiar
campanhas. Quer ser visto como um ator político relevante, capaz de
desestabilizar governos e influenciar eleições em todo o mundo. Ao comprar o
antigo Twitter, que rebatizou de X, ele mexeu no algoritmo para promover
aliados e ampliar o alcance de suas ideias. Virou ídolo de populistas de
direita nos EUA, na Europa e no Brasil.
Trump já atribuiu sua vitória em 2016 à atuação frenética nas redes
sociais. Cinco anos depois, foi banido do X por incitar a invasão do Capitólio.
Ao comprar a plataforma, Musk reativou sua conta, que hoje soma 91 milhões de
seguidores. Kamala tem 21 milhões.
Na quinta passada, o bilionário descreveu a eleição americana como um
divisor de águas para a humanidade. Em discurso exaltado, chamou os rivais de
Trump de “antiamericanos”. “Ao inferno com eles”, vociferou.
Além de manter contratos bilionários com o governo americano, as empresas
de Musk acumulam rolos em Washington. Nos últimos anos, foram alvo de ao menos
20 investigações de órgãos reguladores, segundo levantamento do jornal The New
York Times.
Com tantos interesses em jogo, o dono do X tem motivos de sobra para se
empenhar na eleição de um aliado. Não é só ideologia. É investimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário