As promessas de Bolsonaro, dizendo que a direita está em
suas mãos
Regrinha básica da vida e suas circunstâncias: quem é forte
e está seguro disso não alardeia a posse da força. Faz-se potente na prática e
assim demonstra a vitalidade do poder exercido. Vale para tudo e melhor ainda
quando na companhia de maior ou menor grau de moderação.
Na política acabamos de ver dois exemplos opostos: o de um
deputado que reza por essa cartilha e o de um ex-presidente que ignora a
serventia da lição.
Em fim de mandato na presidência da Câmara, Arthur Lira (PP)
ao microfone faz piada com a queda na temperatura do próprio café enquanto no
bastidor constrói aliança ampla de apoios para eleger o sucessor. Gostemos ou
não dos métodos, trata-se do exercício real de autoridade.
O relato de versões é outra coisa. É o que
faz Jair
Bolsonaro (PL)
quando desembarca no Congresso para tentar reduzir o dano de derrotas na
eleição municipal e ali se proclama o rei das cocadas de todas as cores,
prometendo fazer e acontecer porque a direita estaria em suas mãos, dependente
só dele.
Dentre os fazeres, anuncia dia depois em entrevista à Veja a
intenção de registrar candidatura à Presidência em 2026 e nesta condição
permanecer até "o último momento". De cara busca interditar o caminho
de Tarcísio de Freitas (Republicanos), que precisaria deixar o governo de São
Paulo seis meses antes.
A narrativa por ora se contrapõe à realidade. Inelegível, o ex-presidente está na dependência de uma anistia pouco provável e ainda pode sofrer condenações no Supremo Tribunal Federal.
Além disso, há as manifestações de direitistas os quais se
vangloria de controlar. No curso da eleição foi chamado de "porcaria de
líder" pelo estridente pastor Malafaia; terminado o pleito, Ronaldo Caiado
(União Brasil) criticou os maus modos e a "conversa cansativa" dele.
Até Valdemar
Costa Neto (PL) disse que o "pessoal" de Bolsonaro precisa
melhorar o jeito de falar com o eleitorado. Por fim, Pablo Marçal (PRTB) pediu
que fosse "cuidar da vida" e o deixasse em paz.
São fatos modestos, mas suficientes para desmentir a
jactância de poder absoluto.
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