Ególatras, presidente e empresário usam suas próprias redes
para trocar insultos e ameaças
O Salão Oval ficou pequeno demais para Donald Trump e Elon Musk.
O presidente do país mais poderoso do mundo e o homem mais rico do planeta
pareciam inseparáveis. Agora se tornaram inimigos viscerais, que trocam
insultos e ameaças em público.
A aliança trincou no fim de maio, quando Musk começou a
criticar o novo plano de gastos da Casa Branca. O mal-estar virou barraco nesta
quinta-feira, após Trump sugerir que o dono da Tesla ficou irritado porque ele
cortou o subsídio aos carros elétricos.
“Estou muito decepcionado com o Elon. Eu o ajudei muito”,
afirmou o republicano. “Sem mim, Trump teria perdido a eleição. Que
ingratidão”, devolveu Musk.
Em poucas horas, as provocações descambaram
para a baixaria. O empresário ligou o presidente a um escândalo de prostituição
e exploração sexual de menores. Trump disse que o ex-amigo está louco e escalou
a porta-voz do governo para fustigá-lo.
Num sinal dos tempos, cada bilionário atacou o outro a
partir de sua própria rede social. Musk usou o X, convertido numa câmara de eco
da extrema direita. Trump respondeu na Truth Social, que fundou para espalhar
mentiras sem ser contestado. Ególatras e megalômanos, os dois investem em
palanques eletrônicos para despejar ressentimento, intimidar adversários e
ostentar poder e popularidade.
No dia do rompimento, Musk perdeu US$ 26 bilhões (cerca de
R$ 144 bilhões) em ações. Nada tão grave para quem tinha a fortuna estimada em
US$ 414 bilhões (R$ 3,2 trilhões) pela Forbes.
Se a cizânia entre os magnatas era previsível, é difícil não
se espantar com a desfaçatez com que os dois submetem assuntos de Estado a seus
interesses privados. O presidente ameaçou cancelar os contratos do governo com
as empresas de Musk, como se fosse o dono do dinheiro público. O sul-africano
ameaçou desativar uma nave que transporta astronautas da Nasa, o que causaria
prejuízos ao programa espacial americano.
Na quinta fatídica, Trump esboçou uma tese com base em
conflitos no jardim de infância: “Às vezes você vê duas crianças pequenas
brigando feito loucas. Elas se odeiam e estão brigando num parquinho. Você
tenta separá-las, mas elas não querem ser separadas. Às vezes, é melhor
deixá-las brigar por um tempo”.
Falava do confronto entre Rússia e Ucrânia, mas vale para
sua guerra particular com Musk.
Bretas rodopiou e caiu
O Conselho Nacional de Justiça expulsou Marcelo Bretas da
magistratura. O juiz conduziu os processos que levaram Sérgio Cabral e
comparsas para a cadeia. Depois pôs a toga a serviço do projeto político de
Wilson Witzel.
Os conselheiros concluíram que Bretas manobrou uma delação
para prejudicar Eduardo Paes na campanha de 2018. Após a vitória de Witzel,
juiz e governador confraternizaram em camarotes do Maracanã e da Sapucaí.
O ministro Luís Roberto Barroso resumiu o caso como “um
conjunto muito amplo de condutas impróprias e totalmente inaceitáveis para um
magistrado”.
A exemplo de Sergio Moro, Bretas se encantou com a fama e a
possibilidade de interferir em eleições. Numa cena inesquecível, rodopiou no
palco de um evento evangélico ao lado de Jair Bolsonaro e Marcelo Crivella.
Até segunda ordem, a queda não será tão dolorida.
Aposentado, ele continuará a receber salário integral de R$ 39,7 mil.


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