Crise com Michelle confirma que todos brigam e ninguém
tem razão no PL e na família
Ex-primeira-dama entrou no olho do furacão e não tem
autonomia nem mais a força do marido, preso e inelegível, para sair por aí
desautorizando articulações
O PL vai meter a colher hoje em mais uma crise na família
Bolsonaro, que enveredou ainda mais profundamente por um caminho que pode ser
definido como “todos brigam e ninguém tem razão”. Depois de meses de desgaste
com as verdades sobre o golpe do patriarca Jair, as graves inconsequências do
03 Eduardo e, por último, o descontrole do até então controlado 01 Flávio, quem
entra no olho do furacão é Michelle.
O presidente do partido, Valdemar Costa Neto, cortou o cargo
e o salário de R$ 46 mil de Jair no PL depois da prisão definitiva, mas não
mexeu nos de Michelle, importante ponte com o eleitorado feminino e evangélico
que a leva aos vários cantos do País, à chance de disputar o Senado pelo DF e
até – quem diria? – às pesquisas presidenciais de 2026.
Michelle, porém, não tem autonomia nem mais
a força do marido, preso e inelegível, para sair por aí desautorizando as
articulações estaduais do PL. Foi o que ela fez, em público, em plena
Fortaleza, contra a aliança com Ciro Gomes, que volta ao PSDB com o objetivo de
disputar mais um mandato ao governo do Ceará.
Ela tem lá suas razões, já que Ciro, candidato à Presidência
em 2022, disse poucas e boas contra Bolsonaro e classificou como “crime de
responsabilidade”, sujeito a cassação, a reunião que o então presidente
convocou com embaixadores estrangeiros para difamar o Brasil, as
instituições, seus representantes e as urnas eletrônicas. Ciro era do PDT, que
entrou com a ação no TSE que tornou Bolsonaro inelegível.
Para o PL e o pragmático Costa Neto, porém, isso é coisa do
passado, aliás, como o próprio Bolsonaro e seu filho Eduardo, que já foi o
deputado federal mais votado do País, em 2018, mas está nos EUA, sem trabalhar,
vivendo à custa dos brasileiros. Para o partido e seu presidente, interessa
mais ter uma chapa forte no Ceará, Estado com 7 milhões de eleitores em pleno
Nordeste, o bolsão lulista do País.
O problema, porém, é que a reunião de hoje terá, além do próprio Costa Neto, Flávio Bolsonaro, que assumiu a linha de frente da família, e o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho, que não apenas foi ministro no governo Bolsonaro como se mantém leal a ele e é um dos maiores críticos do julgamento no STF.
Logo, várias respostas poderão sair do encontro: até que ponto o PL vai com Bolsonaro ou apenas tirar proveito do espólio eleitoral? A quantas andam as relações entre Flávio e Michelle e entre os membros da família? E, afinal, para onde vai a crise na família Bolsonaro e na cúpula bolsonarista, que tanto favoreceu Lula e já projeta a disputa do Centrão contra a esquerda em 2026? Vão jurar paz eterna, mas o pau está quebrando.


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