Governo lava as mãos, e bolsonaristas aprovam redução de
penas de capitão e generais
Papai Noel chegou mais cedo para os golpistas. A poucos dias
do Natal, Jair Bolsonaro e seus comparsas foram presenteados com uma generosa
redução de penas.
O Senado aprovou o famigerado PL da Dosimetria. O projeto
pode reduzir em até dois terços o tempo que o ex-presidente teria que passar na
cadeia. Também serão beneficiados militares e civis que participaram dos
ataques à democracia.
Os aliados do capitão nem tentaram disfarçar o casuísmo. Uma
emenda apresentada por Sergio Moro deixou claro que o texto foi redigido sob
medida para favorecer os condenados do 8 de Janeiro. O ex-ministro, que se
vendia como paladino da Justiça, agora usa o mandato para resgatar criminosos
do xadrez.
Os bolsonaristas aproveitaram a votação
para tripudiar do Supremo Tribunal Federal. O senador Magno Malta chamou os
ministros da Corte de “canalhas” e “abutres”. O relator do processo, Alexandre
de Moraes, foi alvo de ofensas mais grosseiras.
Sem votos para barrar a redução de penas, o Planalto lavou
as mãos. O petista Jaques Wagner trocou a rendição por um aumento de tributos
que reforçará os cofres públicos em R$ 22 bilhões no ano eleitoral.
Após a repercussão negativa, foi criticado pela ministra
Gleisi Hoffmann e desautorizado pelo presidente Lula, que tentou se desvincular
da barganha. Só faltou culpar a oposição pela manobra do líder do governo.
O PSB, do vice-presidente Geraldo Alckmin, também
protagonizou um vexame. Os quatro senadores do partido votaram a favor do
perdão aos golpistas. Preso, cassado e exilado pela ditadura, Miguel Arraes
deve ter se revirado no além.
A votação desta quarta expôs o desprezo do Congresso pela
História e pelo Estado de Direito. Na terça, o Supremo concluiu o julgamento
dos últimos cinco réus dos processos pela tentativa de golpe. Eles foram
condenados por conspirar contra a democracia, tumultuar a realização do segundo
turno e planejar os assassinatos de Lula, Alckmin e Moraes.
O general Mário Fernandes, que confessou a autoria do
projeto homicida, pegou 26 anos e 6 meses de prisão. No dia seguinte, foi um
dos agraciados pelo pacote natalino do Senado. Ho, ho, ho.


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