Por Gilberto Dimenstein da Folha.com
Passamos toda a campanha ouvindo os candidatos prometerem baixar os impostos. As urnas fecharam e imediatamente vemos os governantes --PT e PSDB-- falarem na volta do imposto do cheque para financiar a saúde. Se é para fazer palhaçada, melhor chamar o Tiririca.
Estamos assistindo a arrecadação crescer a cada ano. Assim como estamos vendo os gastos governamentais crescerem, inchando a folha de pagamento. Só para tapar o buraco da aposentadoria dos funcionários públicos, que ganham muito mais do que a média do cidadão comum, são cerca de R$ 40 bilhões por ano --coincidentemente, o tamanho da CPMF. E quase quatro vezes a Bolsa Família.
O governo tem muito mais facilidade em tirar dinheiro do nosso bolso do que racionalizar seus gastos e combater desperdícios. Agora mesmo está andamento, no Congresso, projeto para subir os salários do Judiciário, que teriam impacto de R$ 8 bilhões. Depois, viria, por uma questão de isonomia, o Ministério Público mais R$ 8 bilhões.
Um dos males de baixa escolaridade brasileira é que o cidadão não faz ideia quanto paga de imposto nem como o dinheiro é gasto. Estamos pagando cada vez mais para bancar a elite do Brasil, composta de funcionários públicos.
Com isso, sobra menos dinheiro para os pobres, aqueles que usam o SUS.
Um imposto para a saúde seria plenamente justificável se soubéssemos que o governo está fazendo a sua parte, gastando melhor o que arrecada.
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