Por Arthurius Maximus do blog Visão Panorâmica
Em relação à dramática situação do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, uma única pergunta deve ser feita: Quem, em sã consciência, pode posicionar-se contra as reivindicações deles? A resposta também é uma só: Ninguém.
Contudo, a clara politização do movimento, a infiltração de elementos que pouco estão se importando com a situação da bombeirada e querem apenas colher frutos pessoais, usando o sofrimento desses heróis como vampiros, é óbvia e claramente sentida por qualquer pessoa sensata.
A começar pelo interesse e patrocínio ativo do ex-governador Garotinho. Nada que Garotinho toque, participe, encampe ou sequer olhe permanece puro e livre de “interesses ocultos”. Conhecido como “Teflon” nos meios políticos – graças a incrível capacidade de escapar ileso de todas as denúncias de corrupção, crimes diversos e processos a que é submetido – o ex-governador foi um dos que pior atendeu aos anseios da corporação durante seus mandatos e de sua esposa; fazendo os bombeiros patrocinarem verdadeiras comédias com mangueiras furadas, carros enguiçados, equipamentos quebrando e falta de combustível, água e os mais elementares equipamentos.
A invasão do Quartel General, na Praça da República, é um exemplo de como a infiltração política pode causar danos à corporação e a figura humana do bombeiro – seja oficial, soldado ou praça – pois, como militar, o bombeiro está sujeito a um ordenamento específico e muito mais rígido do que a população civil. E, mesmo sob o argumento de que o quartel é “a casa do bombeiro” a quebra de disciplina e de hierarquia – obviamente insuflada pelos que desejavam o espetáculo de mídia – foi grave e deve ser punida. A impunidade a tal insubordinação pode gerar um precedente perigoso e proporcionar o combustível necessário para que outras forças auxiliares ou mesmo unidades das forças armadas procedam da mesma forma.
Já imaginou, caro leitor, se policiais armados – lutando por melhores salários e ignorados pelo governo – resolvem invadir delegacias ou quartéis para protestarem. Já imaginou se o policial simplesmente cruza os braços e se recusa a cumprir o seu dever, mesmo diante de uma vítima em perigo mortal? Qual seria a sensação provocada por uma horda de soldados das forças armadas, invadindo quartéis e destruindo aeronaves, veículos, equipamentos e navios?
Mesmo achando que uma punição deva ser aplicada aos bombeiros revoltosos; entendo perfeitamente que toda essa situação – e até o aproveitamento político da luta dos bombeiros – foi provocada única e exclusivamente pela incompetência, descaso, má-fé e despreparo do governador Sérgio Cabral, do seu secretariado e do Chefe dos Bombeiros que se recusaram a ouvir as reivindicações justíssimas de uma classe imprescindível para a segurança de todos nós. Portanto, a única pena prevista no código militar para o crime de motim – a expulsão, seguida de prisão – não deveria ser aplicada a nenhum dos bombeiros detidos. Uma pena alternativa (suspensões sem soldo, reclusão nos quartéis, etc…) mesmo sob um manto de “impunidade”, frente à justiça militar, essa alternativa deveria ser aplicada para encerrar o caso o mais rápido e justamente possível.
Um salário ridículo; o desespero pela situação calamitosa em que vivem mergulhados; a sensação de abandono pela recusa em ouvi-los e as propostas mirabolantes feitas pelos que desejam o confronto mais e mais violento e a promoção pessoal foram os fatores que se uniram para tornar real o espetáculo dantesco da invasão do Quartel General pelos amotinados.
Portanto, cabe ao nosso ausente, espetaculoso, ridículo e ineficiente governador consertar a lambança que sua administração fez e sair dessa situação com os menores danos possíveis a uma corporação que só tem serviços valorosos prestados ao povo do Rio de Janeiro e até de outros países.
O que não se pode dizer do governador Sérgio Cabral e, muito menos, do ex-governador Garotinho.
Pense nisso.
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