Foram dois anos e meio de trabalho intenso, pesquisando
cartas ainda desconhecidas, relendo processos judiciais, checando documentos
históricos. Tal procedimento tornou-se rotineiro a cada vez que o jornalista
Lira Neto se debruça sobre a trajetória de um personagem que se transformará em
livro. Foi assim com o escritor José de Alencar ("O Inimigo do Rei"),
a cantora Maysa ("Só Uma Multidão de Amores"), o Padre Cícero
("Poder, Fé e Guerra no Sertão") e agora com seu projeto mais
ambicioso, a biografia de Getúlio Vargas, o principal político brasileiro do
século passado.
"Mesmo existindo uma vasta documentação a seu respeito,
havia ainda várias lacunas que procurei cobrir", disse Lira à reportagem.
De fato, Getúlio Dornelles Vargas (1882-1954) foi um político singular - filho
de uma família típica da oligarquia gaúcha do final do século 19, época marcada
pelo caudilhismo, ele desenvolveu uma personalidade política ardilosa, que o
levou a comandar a Revolução de 30 até chegar ao poder do País, implantando uma
ditadura em 1937. Deposto em 1945, voltou cinco anos depois pelo voto popular,
terminando drasticamente seu mandato, sob uma crise que o levou ao suicídio em
1954.
Diante de uma figura tão complexa, Lira dividiu a biografia
em três volumes. O primeiro, que chega agora às livrarias, intitula-se "Dos
Anos de Formação à Conquista do Poder" e compreende a vida de Vargas entre
seu nascimento até 1930, quando assumiu a Presidência.
O segundo volume, do qual Lira já escreveu cerca de 150
páginas e será publicado em 2013, compreenderá o período entre 1930 e 1945, com
o título "Do Governo Provisório à Ditadura do Estado Novo".
Finalmente, o último livro, a ser lançado em 2014, terá como subtítulo "Do
Retorno ao Poder pelo Voto Até o Suicídio", e narrará os fatos acontecidos
entre 1945 e 1954.
"O primeiro volume exigiu um esforço diferenciado, pois
compreende a fase menos conhecida de Getúlio pelos brasileiros. Assim,
pesquisei sobre como funcionava a política gaúcha daquela época", conta.
Além de detalhar a ascensão do jovem advogado (leitor voraz, Getúlio
desenvolveu uma excelente escrita), Lira relata dois fatos marcantes de sua
juventude: o envolvimento em um assassinato em Ouro Preto, onde estudou, e o
estupro de uma índia - em ambos, ele foi inocentado. As informações são do
jornal O Estado de S. Paulo.
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