quinta-feira, 10 de outubro de 2013

PESSOAS DE LUTA E PAZ

Editorial da Rede Sustentabilidade
Como todos nós temos acompanhado nos últimos dias, a coligação entre a Rede Sustentabilidade e o Partido Socialista Brasileiro (PSB) causou um grande impacto na política brasileira. Pela primeira vez, as certezas e as verdades que mais uma vez seriam apresentadas à sociedade brasileira em 2014 como inexoráveis e inabaláveis foram fragilizadas.
Nas palavras de Tarso Genro, que mesmo sendo um integrante histórico do PT teve a generosidade e a integridade intelectual para analisar este momento, o gesto de Marina alterou a lógica eleitoral do ano que vem. Disse ele: “Não será mais uma disputa entre a memória do governo Fernando Henrique Cardoso e a memória dos governos Lula e Dilma Rousseff. Será uma disputa sobre o futuro. (…) É uma mudança do padrão da disputa política”.
Não é preciso repisar a injustiça que sofremos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Uma “situação de abuso”, como bem caracterizou o ministro Gilmar Mendes. Mas não nos encolhemos diante do script que nos prepararam.
Hoje somos a Rede: reconhecida pelo stablishment político e pela sociedade brasileira como um partido de fato, embora ainda não de direito. Um partido com postura, valores e identidade a ponto de ser reconhecido pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) como um igual para constituir uma coligação.
Coligação essa que vai exigir de ambos muita firmeza, postura e sincera vontade de mudar e construir um momento de inflexão histórico no país, de estabelecer as bases de uma cultura política realmente democrática e à altura do que a sociedade está, por inúmeros meios, exigindo.
O passo inicial deste momento foi dado no calor da hora e causou entre nós desconfortos, inconformismos e críticas que precisamos acolher e debater. Mas é preciso entender, de início, as circunstâncias que nos levaram a tomar decisões em curtíssimo espaço de tempo, ouvindo quem era possível ouvir e não submetendo-as a um amplo e demorado processo interno.
É preciso entender, também, a armadilha política a que o julgamento do TSE nos levou. O que fazer? Teríamos a escolha de permanecermos isolados e enfrentar, sem meios para isso (já que não teríamos a infraestrutura de partido) a dura tarefa de disputar espaço em 2014 com as grandes máquinas partidárias, para atingir a sociedade e sensibilizá-la para os temas de uma profunda mudança política no país.
Dadas as circunstâncias, teríamos também a escolha de nos filiarmos a um partido com o objetivo de viabilizar a candidatura presidencial de Marina Silva. Mas é preciso reiterar que nosso o objetivo central nunca foi uma candidatura em si, embora ela pudesse catalisar apoios em torno de nossos valores e temas.
E a terceira possibilidade, que seria tensionar fortemente o sistema político por meio de uma aliança com força suficiente para disputar o future. E, assim, contribuir de maneira decisiva para desfazer o nó cego da política brasileira, configurado pela polarização entre PT e PSDB e todos os malefícios que ela traz, em termos de manipulação e degradação do ambiente político por meio de alianças fisiológicas, à custa do desmonte do Estado.
Fizemos uma escolha e agora é o tempo de bancá-la. Dentro da coligação, nosso papel é o de não transigir com os valores centrais do ideário e do programa da Rede para o país, e o de criarmos condições de fazê-los avançar, em conjunto com o PSB. Marina e outros membros da Rede não se filiaram como militantes do PSB, mas aceitaram esta filiação democrática e transitória como um abrigo contra a injustiça cometida no TSE.
Vamos debater intensivamente o que significará mantermos a integridade desse papel. Vamos, juntos, assumir os riscos e construir os bons resultados. Temos que continuar as tarefas de nossa organização e das bases de nosso consenso interno. Vamos continuar responsavelmente no caminho que prometemos ao país trilhar. Ele está inteiro à nossa frente. Só começamos e é preciso admitir que começamos dando uma demonstração de força ao reposicionar a discussão política no Brasil e tirá-la da inércia dos jogos de poder eleitoreiros de cartas marcadas.
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