sábado, 30 de novembro de 2013

AS PRIMEIRAS-DAMAS

Por Tércio Amaral, do jornal Diario de Pernambuco
Num período que abrange trinta anos (1964-1994), quatro mulheres foram a verdadeira expressão do sexo feminino no governo do estado de Pernambuco. De posições e facções políticas aliadas e distintas, elas vivenciaram o início do regime militar (1964-1985), a luta pela liberdade de expressão, a Lei da Anistia de 1979 e a consolidação da Nova República. Com uma posição discreta, elas foram a única expressão feminina no Executivo no período em um estado que nunca foi governado por uma mulher.
Em conversa com o Diario, as ex-primeiras-damas revelam as lembranças dos tempos que os maridos ocuparam o Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual. A reportagem conversou com dona Magdalena Arraes, mulher do ex-governador Miguel Arraes, que ocupou o posto por três vezes (1963,1987, 1995). Avó do atual governador Eduardo Campos (PSB), ela relembrou os tempos de exílio e fez votos para que o projeto presidencial do neto seja realizado na eleição de 2014.
A reportagem também foi recebida por Anna Ferreira Maciel, mulher do ex-senador e ex-vice-presidente da República Marco Maciel (DEM). Anna, que se divide entre suas casas no Recife e em Brasília, relembrou episódios curiosos, como um show do cantor Roberto Carlos que fez para arrecadar doações para a Cruzada de Ação Social. Simpática, ela discordou da pecha de conservadores que é atribuída a sua família. Disse que o socialismo se faz em casa. "Sempre fomos vítimas dessa história".
Na outra ponta, a ex-primeira-dama Jane Magalhães, mulher do ex-prefeito do Recife e ex-governador Roberto Magalhães, confessou que o período que manteve uma relação estreita com o poder foi de muito trabalho. Jane confessa que ser primeira-dama da capital foi uma tarefa mais difícil do que ocupar o mesmo lugar no estado. Pela primeira vez, ela dá a sua versão da polêmica envolvendo a escultura do artista plástico Francisco Brennand no bairro do Recife Antigo, que teria sido censurada por ela, em casa.
Por fim, entre elas, a última ex-primeira-dama do período Silvia Cavalcanti confessa as perdas familiares e a opção do marido, o ex-governador Joaquim Francisco, de entrar na política. "Eu me casei com o técnico do Incra que virou político. Eu não queria que ele entrasse, mas foi uma decisão e eu tive que respeitar". Dona de uma simpatia singular, Silvia também atribui para si a criação de programas como o bolsa escola, ainda na década de 1980. "Não foi invenção do PT", alfineta.
Foram entrevistadas as ex-primeiras-damas cujos maridos governaram o estado da década de 1980 até os dias atuais e ficaram por mais de três anos no cargo. Renata Campos, mulher de Eduardo Campos, não foi procurada pela reportagem, porque ele ainda está no exercício do poder. 
Confira também o vídeo com depoimento das ex-primeiras-damas.
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