Brasília A base aliada no Congresso Nacional promoveu ontem
uma blindagem ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e evitou a sua
convocação na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara e na
Comissão de Constituição e Justiça do Senado.
Os tucanos querem que Cardozo esclareça a sua participação
no episódio que envolve as investigações conduzidas pela Polícia Federal a
respeito de denúncias de formação de cartel no transporte de trens em São
Paulo. Além do mais, o PSDB quer que o ministro explique a conduta do
presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Vinícius de
Carvalho, que omitiu de seu currículo a informação de ser petista e de ter
trabalhado no gabinete do deputado estadual licenciado Simão Pedro.
Foi Simão Pedro, do PT e hoje secretário municipal de
Serviços da gestão Fernando Haddad, quem encaminhou a Cardozo denúncias da
existência de um cartel na licitação de trens em São Paulo, em documentos que
foram repassadas pelo ministro à Polícia Federal. O Cade fechou em maio um
acordo de leniência com a multinacional Siemens, que admitiu a existência de cartel
na espera de redução de futuras punições.
Os tucanos têm acusado Cardozo de fazer uso político das
acusações do esquema de cartel no governo do PSDB para atingir adversários e
abafar o impacto causado pela prisão dos dirigentes petistas condenados no processo
do mensalão.
Para preservar Cardozo na Câmara, foi aprovada a realização
de uma audiência pública, que será realizada na próxima quarta (4) pela
Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, na qual o ministro
virá como convidado - o que tem peso menor do que uma convocação. Na ocasião, o
ministro deverá falar também sobre as circunstâncias da fuga à Itália do
ex-diretor de marketing do Banco do Brasil e também condenado no mensalão,
Henrique Pizzolato.
Já no Senado, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) apresentou
um requerimento de convocação do ministro na CCJ, mas após apelo do líder
Eduardo Braga (PMDB-AM), aceitou votar na semana que vem um requerimento de
convite.
O vice-presidente Michel Temer (PMDB) classificou ontem como
campanha eleitoral a troca de acusações entre PSDB e PT em torno das
investigações sobre a formação de cartel para fraudar licitações de metrô e
trens nos governos tucanos de São Paulo. “Lamentavelmente se antecipou muito a
campanha. Acho que temos que seguir o calendário legal, e o calendário legal
exige que a partir do ano que vem se pense na campanha. Lamentavelmente é um
clima de campanha, e eu não acho útil isso”, disse Temer na saída da sessão
solene da Câmara relativa aos 25 anos da Constituição.
Já o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que as
denúncias envolvendo o PSDB não têm fundamento. “O ministro exagerou”, afirmou
FHC.
Fonte: Diário do Nordeste
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