Da France Presse, via Correio Braziliense
Lima - A ambientalista Marina Silva é hoje a figura de
oposição que mais consegue adesões como uma possível adversária da presidente
Dilma Rousseff nas eleições de 2014, mesmo que, falando à AFP, tenha assinalado
que seu objetivo não é a presidência, e sim lutar por um Brasil melhor.
Depois de ser candidata em 2010 pelo Partido Verde, quando
obteve cerca de 20 milhões de votos, e de ser impossibilitada de fundar o
próprio partido, Marina se associou, para as próximas eleições, ao Partido
Socialista Brasileiro (PSB), que tem Eduardo Campos como candidato à
presidência.
Marina prometeu a Campos todo seu apoio, se defender um
programa comprometido com "uma política e um desenvolvimento sustentáveis
do país".
"Não tenho como objetivo de vida ser presidente do
Brasil, e sim lutar para que o Brasil seja melhor. Se isso for possível através
da candidatura de Eduardo Campos, farei o necessário para que seja
eleito", declarou a ex-ministra do Meio Ambiente durante o governo de Luiz
Inácio Lula da Silva. Atuando nessa pasta, ela conseguiu reduzir o desmatamento
amazônico em 80%, aumentou sua visibilidade e conquistou grande popularidade.
"Queremos criar uma plataforma, que provavelmente
lançaremos em 28 de novembro, que seja um modelo para o Brasil do século XXI:
um novo desenvolvimento capaz de integrar economia e ecologia em uma mesma
equação", afirma a também pedagoga, que está em Lima para dar uma
conferência sobre Desenvolvimento Sustentável.
Dilma Rousseff leva vantagem em todos os cenários para as
eleições do próximo ano, segundo as últimas pesquisas. Venceria a reeleição no
primeiro turno, se Eduardo Campos fosse o candidato do PSB, apesar da
possibilidade de ter de ir para um segundo turno no caso de Marina Silva
candidata, revela pesquisa do início de novembro feita pela empresa MDA.
Marina insiste em que é preciso estabelecer uma política que
acompanhe o mundo que mudou com o novo século.
"São necessários programas para os grandes desafios
atuais, como o que fazer para ter energias limpas e renováveis e como aumentar
a produção sem expansão predatória. Uma economia com prosperidade, mas com
baixo carbono, com respeito à diversidade cultural, aprofundando a democracia e
preservando as conquistas", enfatizou.
Eleições misturadas com o Mundial
Com poucos meses de diferença, o Brasil tem dois grandes
acontecimentos em 2014: o Mundial da Fifa, em junho, e as eleições
presidenciais, em outubro.
Futebol e campanha política estarão misturados durante
grande parte do ano, mas os brasileiros não deixarão de lado suas reclamações
por mudanças em função de sua paixão pelo futebol. Pelo menos é nisso em que
Marina Silva acredita.
"Somos apaixonados por futebol, mas as pessoas querem
cada vez mais que os problemas sociais e ambientais sejam resolvidos. As
manifestações de junho indicaram isso claramente", explicou.
Marina ressalta que o atual governo brasileiro não conseguiu
fazer frente aos grandes desafios em seu último ano de mandato. "O governo
de Dilma não deixou sua marca, ou uma característica própria", avaliou.
Para ela, Dilma entra em seu último ano com uma série de
dificuldades, "com um crescimento muito baixo, uma volta da alta da
inflação e preocupações pelo risco de desequilíbrio fiscal".
Em relação ao papel do Brasil na região, Marina considera
que seu país deve manter seu "princípio de liderança fraterna e
solidária" na América Latina e defendeu que o Mercosul se converta em uma
área de livre comércio.
Diante do aparecimento de outros blocos, como a Aliança do
Pacífico - que reúne Colômbia, México, Peru e Chile -, o Brasil precisa
aprofundar a experiência do Mercosul, sem deixar, porém, que esse acordo
regional prejudique a liberdade de fazer alianças bilaterais, comentou.
"O Mercosul ficou muito limitado a uma articulação
política e deve transitar para uma integração efetiva, abrangente em todos os
aspectos - não apenas utilitária e meramente econômica -, pois deve integrar os
aspectos sociais, culturais e ambientais", ressaltou.
A respeito do desenvolvimento sustentável, defendido pela
ambientalista como doutrina de uma nova política, Marina afirma que se deve
compreender "a sustentabilidade em suas diferentes dimensões".
"Estamos falando de economia, de inclusão social, de redução da pobreza,
de melhora da qualidade de vida das pessoas, de educação, tecnologia e
inovação", concluiu.
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