Por Eduardo Kattah, O Estado de S. Paulo
O deputado federal Eduardo Azeredo (MG) negou nesta
terça-feira, 19, que tenha sido "escondido" pelo PSDB num ato que
reuniu, na segunda, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o senador Aécio
Neves e oito governadores do partido em Poços de Caldas, no sul de Minas. No
encontro intitulado "Federação Já", Aécio e FHC fizeram,
respectivamente, duras críticas ao PT e aos petistas presos por envolvimento com
o mensalão.
"Não fui porque tive um compromisso aqui (em Belo
Horizonte)", afirmou Azeredo ao Estado. "A gente não consegue ir a
todos (os eventos). Se tem uma coisa que não podem dizer é isso."
Ex-governador de Minas, ex-presidente do PSDB, Azeredo é acusado
de envolvimento num esquema de financiamento ilegal de sua campanha à reeleição
para o governo do Estado em 1998 - batizado de mensalão mineiro. Ele é réu em
ação penal no Supremo Tribunal Federal, que ainda irá a julgamento.
A Procuradoria-Geral da República apontou desvio de pelo
menos R$ 3,5 milhões para a campanha, por meio da "retirada
criminosa" de recursos públicos da empresas estaduais Copasa (R$ 1,5
milhão), Comig (R$ 1,5 milhão) e do antigo Banco Estadual do Estado, Bemge (R$
500 mil). A ação penal contra Azeredo foi recebida pelo STF em dezembro de
2009.
Outros acusados, entre eles Marcos Valério Fernandes de
Souza - condenado e preso no mensalão -, respondem a ação na 9ª Vara Criminal
de Belo Horizonte.
Azeredo sustenta que não teve responsabilidade em eventuais
irregularidades na campanha de 1998 e disse que o PT tenta desviar a atenção
das prisões de ex-dirigentes da sigla, determinadas na semana passada pelo
presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, cobrando o julgamento do mensalão mineiro.
"O PT quer desviar o assunto para vir para cima de mim.
O PT quer forçar uma identidade e essa identidade não existe. Não se pode
chamar de mensalão o que aconteceu em Minas. Não houve compra de apoio",
afirmou.
"Foram patrocínios de estatais sobre as quais eu não
tive responsabilidade. As responsabilidades de um governador são as mesmas de
um presidente da República. São as mesmas que o ex-presidente Lula teria no
caso de repasses do Banco do Brasil".
Ao julgar a ação penal 470, apelidada de mensalão, a maioria
dos ministros do STF concluiu que houve desvio de dinheiro público em operações
com a DNA de Marcos Valério que ultrapassam R$ 73 milhões, por meio do fundo
Visanet, controlado pelo Banco do Brasil. O deputado tucano ressalta que, em
sua opinião, Lula - que ficou de fora da denúncia do mensalão - não poderia ser
acusado no processo.
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