Por Josie Jeronimo, da revista ISTOÉ
O caixa 2 do DEM no Rio Grande do Norte foi parar no
Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que agora quer saber por que o
ex-procurador-geral Roberto Gurgel não investigou o caso. Em sua última edição,
ISTOÉ revelou um esquema envolvendo a governadora Rosalba Ciarlini. Como
mostrou a reportagem, interceptações telefônicas flagraram o presidente do DEM,
senador José Agripino (RN), e o marido de Rosalba, Carlos Augusto Rosado,
acertando detalhes de um financiamento de campanha ilegal. A partir do telefone
do contador da legenda Galbi Saldanha, hoje secretário-adjunto da Casa Civil da
governadora, funcionários aparecem fornecendo números de contas pessoais para
receber transferências irregulares de recursos.
As gravações já haviam sido enviadas à Procuradoria-Geral da
República em 2009, mas desde então nada foi feito. O conselheiro do CNMP Luiz
Moreira questiona os motivos que levaram ao arquivamento dos grampos. “Este é
um exemplo da controvertida gestão de Roberto Gurgel”, diz Moreira. “Trata-se
de uma falta de clareza de critérios, que faz com que se pense que ele atuava
com parcialidade.” Não é a primeira vez que um parlamentar do DEM se beneficia
da vista grossa de Gurgel. O ex-senador Demóstenes Torres, flagrado em escutas
da operação Vegas da Polícia Federal, deixou de ser investigado pela
Procuradoria Geral da República até a deflagração de outra ação da PF, a
Operação Monte Carlo, que confirmou a ligação do parlamentar com o bicheiro
Carlinhos Cachoeira.
A retomada das investigações do Ministério Público e da PF
no Rio Grande do Norte também provoca efeitos no quadro político local, mais
especificamente na prefeitura de Mossoró, segunda maior cidade do Estado.
Afastada do cargo por denúncia de abuso de poder econômico, a prefeita Cláudia
Regina, também do Democratas, teve a campanha financiada pelo empresário
Edvaldo Fagundes. A PF identificou manobra de Fagundes para driblar o bloqueio
judicial de seus bens – o empresário estava usando funcionários de suas
companhias para movimentar valores expressivos, na maioria das vezes fazendo
saques em dinheiro vivo. Afilhada política do senador Agripino, Cláudia tenta
conseguir junto ao Tribunal Superior Eleitoral uma liminar para voltar ao
cargo, mas o Tribunal Regional Eleitoral determinou que eleições suplementares
sejam convocadas em fevereiro ou março para escolher o novo prefeito.
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