sábado, 18 de janeiro de 2014

"UMA FORTUNA PARA KASSAB"

Da revista ISTOÉ
As investigações da máfia do ISS, que se perpetuou por sucessivas administrações da Prefeitura de São Paulo desviando cerca de R$ 500 milhões, chegaram à cúpula. Em depoimento ao Ministério Público de São Paulo, uma testemunha afirmou ter ouvido de Ronilson Rodrigues – um dos integrantes do esquema – que o ex-prefeito da capital paulista Gilberto Kassab (PSD) ganhou uma “verdadeira fortuna” da Controlar. A empresa é dona de um contrato exclusivo para realizar a inspeção veicular na cidade.
A acusação ocorre no momento em que Kassab prepara sua candidatura em São Paulo – ou para o Senado ou para o governo do Estado. O dinheiro recebido por Kassab, de acordo com o depoente, era levado ao seu apartamento e depois enviado por avião a uma fazenda em Mato Grosso. Em tom sarcástico, a testemunha contou que a aeronave tinha até dificuldade de decolar tamanha a quantidade de cédulas embarcadas. Para transportar os recursos, o ex-prefeito contava, diz ela, com a ajuda do empresário Marco Aurélio Garcia. Ele é irmão do secretário estadual de Desenvolvimento Econômico e também citado no caso do propinoduto tucano, Rodrigo Garcia (DEM).
Os elos entre a máfia dos fiscais e Kassab, afirma o depoente, seriam ainda maiores. O escritório em que os funcionários públicos acusados se reuniam com corruptores e recebiam propina era usado antes por Kassab. O responsável pela locação do imóvel seria o mesmo empresário Marco Aurélio Garcia. O ex-prefeito também teria ignorado denúncias da existência do esquema criminoso, apesar de ter recebido uma fita que mostrava um auditor fiscal da prefeitura extorquindo uma empresa. Em vez de tomar providências, Kassab teria pedido que Ronilson “segurasse seu pessoal, pois estamos em ano eleitoral”. A testemunha conta que os laços do ex-prefeito com o fiscal investigado eram tão grandes que certa vez Kassab o mandou ir a um estabelecimento para cancelar uma fiscalização no local. Quem fazia, na maioria dos casos, a ponte entre os funcionários públicos criminosos e o prefeito era, no entanto, o seu secretário de Finanças, Mauro Ricardo.
A testemunha também relata o envolvimento de vereadores com a máfia que agiu dentro da prefeitura paulistana. Para arquivar uma CPI sobre o caso no Legislativo, os vereadores Antonio Donato (PT), ex-secretário do prefeito Fernando Haddad, e Aurélio Miguel (PR) teriam pedido ao grupo R$ 5 milhões. As cifras pagas a eles, conta, teriam até ultrapassado esse valor. Coincidentemente, os nomes dos fiscais envolvidos não foram mencionados no relatório final da CPI.
Bookmark and Share

Nenhum comentário:

Postar um comentário