Da revista ISTOÉ
As investigações da máfia do ISS, que se perpetuou por
sucessivas administrações da Prefeitura de São Paulo desviando cerca de R$ 500
milhões, chegaram à cúpula. Em depoimento ao Ministério Público de São Paulo,
uma testemunha afirmou ter ouvido de Ronilson Rodrigues – um dos integrantes do
esquema – que o ex-prefeito da capital paulista Gilberto Kassab (PSD) ganhou
uma “verdadeira fortuna” da Controlar. A empresa é dona de um contrato
exclusivo para realizar a inspeção veicular na cidade.
A acusação ocorre no momento em que Kassab prepara sua
candidatura em São Paulo – ou para o Senado ou para o governo do Estado. O
dinheiro recebido por Kassab, de acordo com o depoente, era levado ao seu
apartamento e depois enviado por avião a uma fazenda em Mato Grosso. Em tom
sarcástico, a testemunha contou que a aeronave tinha até dificuldade de decolar
tamanha a quantidade de cédulas embarcadas. Para transportar os recursos, o
ex-prefeito contava, diz ela, com a ajuda do empresário Marco Aurélio Garcia.
Ele é irmão do secretário estadual de Desenvolvimento Econômico e também citado
no caso do propinoduto tucano, Rodrigo Garcia (DEM).
Os elos entre a máfia dos fiscais e Kassab, afirma o
depoente, seriam ainda maiores. O escritório em que os funcionários públicos
acusados se reuniam com corruptores e recebiam propina era usado antes por
Kassab. O responsável pela locação do imóvel seria o mesmo empresário Marco
Aurélio Garcia. O ex-prefeito também teria ignorado denúncias da existência do
esquema criminoso, apesar de ter recebido uma fita que mostrava um auditor
fiscal da prefeitura extorquindo uma empresa. Em vez de tomar providências, Kassab
teria pedido que Ronilson “segurasse seu pessoal, pois estamos em ano
eleitoral”. A testemunha conta que os laços do ex-prefeito com o fiscal
investigado eram tão grandes que certa vez Kassab o mandou ir a um
estabelecimento para cancelar uma fiscalização no local. Quem fazia, na maioria
dos casos, a ponte entre os funcionários públicos criminosos e o prefeito era,
no entanto, o seu secretário de Finanças, Mauro Ricardo.
A testemunha também relata o envolvimento de vereadores com
a máfia que agiu dentro da prefeitura paulistana. Para arquivar uma CPI sobre o
caso no Legislativo, os vereadores Antonio Donato (PT), ex-secretário do
prefeito Fernando Haddad, e Aurélio Miguel (PR) teriam pedido ao grupo R$ 5
milhões. As cifras pagas a eles, conta, teriam até ultrapassado esse valor.
Coincidentemente, os nomes dos fiscais envolvidos não foram mencionados no
relatório final da CPI.
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