O ator José de Abreu ameaça deixar o PT caso a presidenta
Dilma, o ex-presidente Lula e o comando do partido não “tomem uma atitude
enérgica” em defesa do ex-ministro José Dirceu, que cumpre pena no Complexo
Penitenciário da Papuda, em Brasília, após ter sido condenado no processo do
mensalão. Amigo de Dirceu desde 1967, quando militavam juntos no movimento
estudantil em São Paulo, Zé de Abreu diz que o governo e o partido abandonaram
o petista que, segundo ele, foi o grande responsável pela chegada deles ao
poder.
“Se o PT não assumir uma defesa intransigente do Dirceu
mostrará que é um partidinho de merda, como os outros”, escreveu. Em uma série
de mensagens publicadas ontem (12) à noite em sua conta no Twitter, Zé de Abreu
acusou Lula e Dilma de omissão e cobrou deles o lançamento de uma campanha
nacional em defesa do ex-ministro da Casa Civil, condenado pelo Supremo
Tribunal Federal (STF) a sete anos e 11 meses de prisão, em regime semiaberto,
pelo crime de corrupção ativa.
“Como confiar num líder que abandona seu companheiro numa
prisão injusta? Lula e Dilma têm que se manifestar urgentemente! Temos que
fazer uma campanha nacional liderada por Lula e Dilma contra a injustiça a que
Dirceu está submetido. Temos que exigir de Lula uma postura condizente com o
que Dirceu significou para ele. Começo agora uma campanha solitária. Quem
quiser que me siga. Meu compromisso é com o povo brasileiro, não com Lula,
Dilma ou PT”, desabafou.
Filiado desde o ano passado ao Partido dos Trabalhadores, o
ator chegou a ensaiar uma pré-candidatura a deputado federal, mas desistiu da
ideia, após ser dissuadido por familiares e amigos, como o próprio Dirceu,
conforme contou em entrevista exclusiva à Revista Congresso em Foco. Nos
últimos anos, o artista comprou brigas nas redes sociais ao assumir a defesa de
Dirceu e outros petistas, principalmente durante o julgamento do mensalão.
Injustiça e deslealdade
Na sucessão de mensagens publicadas no sábado no Twitter, Zé
de Abreu diz que muito pior do que a injustiça do inimigo é a deslealdade do
companheiro. Ele questiona por que, passados cinco meses desde sua prisão,
Dirceu ainda não ganhou o direito de trabalhar durante o dia, como prevê o regime
semiaberto.
Para o artista, o PT se cala diante da prisão “política” de
um dos principais nomes de sua história. Um silêncio que, segundo ele, não pode
ser creditado à proximidade das eleições. O ator lembra que Fernando Haddad
venceu a eleição para prefeito de São Paulo no momento em que o STF julgava o
processo do mensalão.
“Lula e Dilma devem uma explicação aos companheiros. Por que
tanta omissão? Não sou idiota nem inocente útil. Sem Dirceu não haveria PT, nem
Lula presidente, muito menos Dilma. Se o PT não se defende, e não faz nada pra
defender Dirceu, tô saindo fora. Só entrei no PT por cause dele”, afirmou. “Se
não são companheiros de Dirceu não são meus companheiros”, acrescentou o ator,
que passa férias em Budapeste, na Hungria, após ter concluído seu último
trabalho na TV Globo, a novela Jóia Rara.
À espera
Defensores de Dirceu reclamam da demora de Joaquim e da Vara
de Execuções Penais do DF para decidir sobre o pedido do petista para trabalhar
na biblioteca do escritório do advogado José Gerardo Grossi. A resposta só deve
sair quando for concluído o inquérito que apura se o ex-ministro utilizou
telefone celular dentro do presídio. Outros condenados que foram presos depois
dele já usufruem do benefício.
Apontado pela Procuradoria-Geral da República como líder da
organização criminosa, Dirceu foi absolvido do crime de formação de quadrilha
pelo Supremo na análise de recurso. Além da prisão, ele também foi condenado a
pagar multa de R$ 971.128,92. O valor foi arrecadado em campanha na internet.
Zé de Abreu foi um dos doadores.
Vaquinha para Lula
Na entrevista concedida no final do ano passado à Revista Congresso em Foco, o ator contou que participou de uma ação entre amigos para
ajudar financeiramente o ex-presidente Lula assim que ele deixou o Planalto, em
2011.
“Fizemos vaquinha pra ajudar o Lula quando ele saiu da
presidência. Ele não tinha um puto. Não tinha nada. Aí depois começou a ganhar
dinheiro com as palestras, os eventos e tal. Aí a gente fala isso e as pessoas
fazem mimimi. Mas teve vaquinha. Foi uma ação entre amigos mesmo, para que ele
pudesse chegar em casa”, declarou. Na entrevista, Zé teceu críticas aos
governos FHC e Dilma e explicou sua preferência por encarnar vilões quando está
em cena. Ele disse que achava que o PT deveria deixar de ter candidato próprio
em 2018 para apoiar um aliado. “É hora de o PT voltar a ser pedra“, avaliou.
Conteúdo do site Congresso em Foco
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