Um dirigente do PSDB elaborou na última segunda-feira (26)
uma “nota” para orientar o debate da juventude tucana sobre a evolução da
conjuntura eleitoral de 2014. Redigido para consumo interno, o texto foi obtido
pelo blog. Trata da mudança de comportamento do presidenciável do PSB, Eduardo
Campos, que passou a fazer comentários depreciativos sobre Aécio Neves.
‘A Mudança de Postura de Eduardo Campos’, eis o título da
nota. Sustenta que o discurso do candidato do PSB começou a mudar “a partir do
crescimento dos tucanos nas pesquisas”. Nas últimas sondagens do Datafolha e do
Ibope, Aécio amealhou 20% das intenções de voto. Campos, obteve 11%. A acidez
de Campos em relação a Aécio, que já era evidente, ficou ainda mais nítida na
entrevista concedida por ele ao programa Roda Viva.
Subdividada em seis tópicos, a análise do dirigente tucano ecoa
conclusões que Aécio e seus operadores só costumam emitir entre quatro paredes.
No item quatro, o texto anota: “Sob o argumento de que poderia se transformar
em linha auxiliar do tucano, Eduardo começa a se transformar em linha auxiliar
do PT.”
O texto realça que o presidenciável do PSB “passou a usar
contra Aécio o mesmo discurso da Dilma e do PT, de que o mineiro significa a
volta ao passado. Com isso, consegue apenas amplificar o discurso do PT.”
O documento acrescenta que, ao distanciar-se prematuramente
de Aécio, “Eduardo joga por terra a única forma concreta de demonstrar, na
prática, o que seria a nova política: colocar os interesses do país à frente
dos interesses pessoais, o que significaria, nesse caso, reforçar o campo das
oposições contra o governo do PT. E, a partir daí, explicitar suas diferenças
com Aécio.”
Nos itens dois e três, a nota atribui o movimento de Eduardo
Campos à influência de sua companheira de chapa. “Fica cada vez mais nítido o
protagonismo da Marina [Silva] dentro da chapa, o que reforça a ideia [...] de
que o PSB tem dois candidatos a presidente.”
Nessa versão, “Marina impõe limites e contornos à
candidatura de Eduardo e, na medida em que ele aceita, revela as suas primeiras
contradições, já que a sua biografia política, não casa com o discurso que
Marina tem forçado Eduardo a assumir.”
No tópico cinco, a análise do dirigente tucano faz menção a
uma notícia veiculada pela Folha em sua edição do último domingo (25). A
reportagem revelou que equipamentos e servidores da prefeitura de Guarulhos,
comandada pelo PT há 14 anos, foram usados para criar páginas que, sob título
de “Aécio Boladasso”, difundiam na internet ofensas ao candidato do PSDB.
Diz o texto repassado à juventude do PSDB: “Chamou a atenção
também o comportamento de Eduardo diante das denúncias da Folha de que a
prefeitura do PT estava usando máquinas e funcionários para atacar Aécio de
forma clandestina nas redes sociais.”
O documento recorda que Aécio teve reação diversa quando
Eduardo Campos foi ofendido pelo PT em janeiro. Num texto publicado no Facebook
oficial do partido de Dilma Rousseff, o candidato do PSB foi chamado de “tolo”,
“playboy mimado'' e candidato “sem projeto, sem conteúdo e sem compostura
política.''
E a nota do PSDB: “Por muito menos, quando Eduardo foi
chamado de playboy pelo PT, Aécio veio a público se solidarizar com o
pernambucano, mesmo se arriscando a ser alvo de mais ataques do PT. Agora, em um caso de muito
maior gravidade, Eduardo ficou em silêncio, lembrando a máxima de que o inimigo
do meu inimigo é meu amigo.”
No sexto e último item do documento reservado do PSDB, seu
autor revela, em timbre lamurioso, o grau de intoxicação a que chegou a relação
do tucanato com Eduardo Campos: “Pelo visto, nada mais parecido com a nova
política do que a velha política. O Brasil, que começou a ver no relacionamento
amigável e respeitoso de Aécio e Eduardo uma nova forma de fazer política, sai
perdendo. O PT comemora e torce para que Marina ganhe cada vez mais influência
na chapa.”
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