Em uma quinta-feira (15) marcada por greves e manifestações
em várias capitais, os protestos protagonizados por movimentos sem-teto e
professores em greve conseguiram mobilizar mais manifestantes do que os atos
contrários à Copa do Mundo.
Os ativistas anti-Copa escolheram o 15 de maio para
organizar uma mobilização em diversas cidades do país e até do exterior contra
a realização do mundial. A articulação coincidiu com a ocorrência de greves de
professores em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais e de policiais
militares no Recife.
O MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) aproveitou a
data para colocar em pauta a questão habitacional. Apesar de criticarem os
gastos públicos e as violações de direitos decorrentes da organização do
Mundial, o movimento tem uma pauta de reivindicações que inclui mudanças no
Minha Casa Minha Vida, a desapropriação de terrenos ocupados, a construção de
moradias populares e a regularização de áreas ocupadas.
Levantamento realizado pela reportagem do UOL apontou que,
no total, cerca de 17,5 mil manifestantes participaram de protestos em 14
capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vitória, Brasília,
Goiânia, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Recife, Fortaleza, João Pessoa,
Belém e Manaus.
Os atos contrários à Copa foram realizados em São Paulo,
Rio, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Salvador e João Pessoa.
A maior manifestação anti-Copa foi realizada na capital paulista, com 1.200
ativistas. Nas demais capitais, os protestos se reduziram a dezenas ou centenas
de manifestantes. No total, os atos contrários à Copa reuniram cerca de 2.900
pessoas.
Professores em greve realizaram protestos em São Paulo, Rio,
Belo Horizonte e Vitória. Em Belém e Fortaleza, manifestantes foram às ruas
para pedir passe livre. Na capital cearense, houve confronto com a polícia. Em
Manaus, assistentes sociais e enfermeiros da prefeitura realizaram protesto em
frente à Arena da Amazônia. Em Goiânia, motoristas de ônibus protestaram com
uma carreata.
Governo monitora atos
O governo federal acompanhou atentamente os protestos para
definir o planejamento da segurança para a Copa. De acordo com informações do
Planalto, a presidente Dilma Rousseff considerou a "super quinta" de protestos um fracasso.
Ainda assim, o ministro Gilberto Carvalho, secretário-geral
da Presidência, manifestou preocupação com atos violentos.
Em entrevista ao UOL, entretanto, Carvalho anunciou que o
governo federal desistiu de aprovar uma lei que endurece o tratamento a manifestantes violentos, apelidada de lei antiterrorismo. "Foi uma mudança
de posição sim, o governo voltou atrás."
Em junho de 2013, no auge das mobilizações, cerca de 3
milhões de manifestantes foram às ruas. Naquela época, o mote dos protestos era
o aumento das tarifas do transporte público. Nos últimos meses de 2013 e nos
primeiros meses deste ano, as manifestações perderam força, mas voltaram a
ganhar impulso nas últimas semanas, com greves e mobilizações organizadas por
movimentos sem-teto.
São Paulo
A capital paulista foi cenário de mais de dez protestos, que
totalizaram quase 13 mil pessoas e bloquearam as principais vias da cidade.
Pela manhã, cerca de 5.000 sem-teto ligados ao MTST marcharam cerca da ocupação
"Copa do Povo", na região de Itaquera, até a Radial Leste, que ficou
bloqueada, assim como a avenida Jacu-Pêssego.
O protesto terminou nas proximidades do Itaquerão, palco da
abertura da Copa do Mundo. Integrantes de torcidas organizadas do Corinthians,
como a Gaviões da Fiel e a Camisa 12, foram até o estádio para impedir que os
manifestantes protestassem dentro do estádio.
No entanto, segundo Guilherme Boulos, dirigente do MTST,
lideranças do movimento conversaram com representantes da Gaviões e lhes
disseram que não havia a intenção de protestar na arena. Ao menos outras cinco
manifestações de movimentos de moradia foram realizadas pela cidade, reunindo,
ao todo, mil pessoas, segundo estimativa do MTST, que prometeu uma nova rodada
de protestos no dia 22.
As marginais Tietê e Pinheiros, a via Anhanguera e avenidas
importantes da cidade foram bloqueadas. Metalúrgicos ligados à Força Sindical
também protestaram em três pontos da cidade. Houve ainda manifestações de
funcionários do Metrô por melhores salários, no centro, e da moradores do Rio
Pequeno, que protestaram para denunciar a violência contra a menores.
Na avenida Paulista, cerca de cem ex-funcionários da empresa
Idort, que presta serviço aos Telecentros da prefeitura, fecharam as pistas da
via, em protesto contra o não-pagamento de direitos trabalhistas.
Cerca de 5.000 professores municipais em greve marcharam da
Secretaria Municipal de Educação, na Vila Clementino, zona sul, até a
prefeitura, no centro. A passeata ocupou a avenida 23 de Maio, principal
ligação do centro com o sul da cidade.
A avenida Paulista foi palco de outro protesto, contra a Copa do Mundo, que reuniu cerca de 1.200 manifestantes, segundo a Polícia
Militar. A concentração começou antes de 17h. Por volta de 18h50, o grupo
deixou a Paulista e seguiu pela rua da Consolação, em direção ao estádio de
Pacaembu. Menos de 20 minutos depois, houve confronto: policiais militares
usaram bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral.
Um grupo de manifestantes mascarados depredou uma loja de
carros. Pelo menos 20 pessoas foram detidas portando coquetéis-molotov e
martelos, segundo a PM.
Rio de Janeiro
Na capital fluminense, houve três mobilizações diferentes:
cerca de 300 rodoviários, que recém encerraram uma greve, se reuniram em
assembleia perto da Central do Brasil, no centro. Eles deixaram o local por
temerem alguma confusão relacionada ao protesto contra a Copa Mundo, que reuniu
cerca de 200 ativistas. Um grupo de 800 professores grevistas da rede pública
estadual e municipal se juntou à mobilização anti-Copa, que terminou sem
grandes incidentes.
Os protestos em Belo Horizonte reuniram entre 500 e 700
pessoas na região centra, entre o final da tarde e o início da noite. O grupo
era composto por movimentos sociais contrários à Copa e ativistas que
defenderam tarifa zero para o transporte. Os manifestantes marcharam da praça
Raul Soares até a praça Sete de Setembro. Servidores municipais em greve, entre
eles professores, também protestaram na capital mineira.
Do UOL em São Paulo, com informações do UOL no Rio, em
Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Maceió.
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